Novo Peugeot 5008 e o estica e puxa

A Peugeot acabou de lançar o utilitário-esportivo (SUV) 5008 no mercado brasileiro. O SUV chega como opção para o escasso segmento de utilitários com sete lugares. Trata-se de um 3008 alongado e com a última coluna mais vertical, justamente para oferecer espaço para mais dois ocupantes.

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Mas quando se diz alongado, não significa que o carro cresceu apenas no porta-malas. Não, o 5008, assim como o 3008 e outros produtos do Grupo PSA (Peugeot, Citroën, DS e mais recentemente a Opel), como o hatch 308 e a minivan C4 Picasso, utilizam a mesma plataforma EMP2. Porém, o que permite que o 3008 tenha um entre-eixos de 2,67 metros e o 5008, conte com generosos 2,84 metros, é o fato de essa base ser modular.

Plataforma EMP2

Isso significa que o fabricante pode alongar ou encurtar a distância entre-eixos e ajustar a configuração de suspensão em uma mesma plataforma, sem a necessidade de desenvolver uma base nova para cada segmento de automóveis, como era comum até pouco tempo atrás.

Conversando com executivos da Peugeot, assim como seus colegas da Volkswagen, que também tiveram excelentes resultados com plataformas modulares como a MQB (que permite que se construa do Polo ao Audi Q3, passando por Golf, Jetta, Virtus e mais uma grande variedade de modelos), eles são unânimes em afirmar que para um mercado globalizado esse conceito é o mais viável.

Plataforma modular MQB

E faz todo sentido. Por aqui ainda é comum fabricantes resolverem produzir localmente determinado produto e precisar encaixa-lo numa plataforma rígida já existente. Carros como Fiat Idea e Renault Captur (que utiliza a base do Duster) são alguns exemplos de modelos que precisaram passar por um processo de adequação de caberem nas plataformas das filiais.

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Acontece que esse ajuste, que não pode ser visto como gambiarra e sim como um novo projeto de engenharia, também demanda investimentos elevados e pode acabar comprometendo a estratégia global de um modelo. Foi mais ou menos o que aconteceu com a segunda geração do Ford kA.

Na Europa o carrinho compartilhava base com o Fiat 500. Era uma estrutura moderna, mas que seria inviável trazer para Camaçari (BA), pois o kA deixaria de ser um popular para se enquadrar num segmento de pequeninos de luxo, como foi feito com o 500. Daí a solução foi criar um hatch sub-compacto sobre a plataforma do Fiesta (de geração passada). Ou seja, a Ford precisou desenvolver dois produtos diferentes para um mesmo conceito.

Outro exemplo é a BMW. Até o lançamento da minivan Série 2 Active Tourer a marca de Munique só fabricava automóveis com tração traseira e motores longitudinais. No entanto, com a segunda geração dos Mini (sob sua tutela), ela desenvolveu uma plataforma modular projetada para receber motores transversais e tração nas rodas dianteiras. Assim, os Minis, os monovolumes Active e Grand Tourer, assim como os SUVs X1 e X2 utilizam a mesma plataforma. E reza a lenda que o hatch Série 1 também passará a fazer parte da turma da tração dianteira. Purismos a parte, a estratégia tornou a produção dos Minis e das “beêmes” compactas mais rentáveis.

Para a grande maioria dos consumidores, uma plataforma não significa nada, mas muitos modelos bastante distintos utilizam a mesma base, como os Jeep Renegade e Compass, que compartilham a plataforma com a picape Fiat Toro, mas que herdaram a base do longínquo Fiat 500X.

Esse estica e puxa faz com que a produção de automóveis seja mais homogênea, mesmo em plantas diferentes. Isso barateia custos de desenvolvimento e produção, o que é bom para o fabricante. Mas também permite o maior compartilhamento de componentes, que também é bom para o consumidor.

 

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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

Contato: (31) 99245-0855

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