Motor Fire: um projeto que revolucionou a Fiat brasileira (parte 2)

Não demorou muito, cerca de dois meses depois do 1.0 Fire Flex, para o 1.3 8v dar lugar ao inédito 1.4 8v, que está em linha até hoje. Ele foi, aos poucos, mas em curto espaço de tempo, substituindo seu antecessor nos Palio, Siena, Weekend, Strada, Doblò e Fiorino. Na versão inicial, apresentada em maio de 2005 na linha Palio, o 1.4 8v Fire já era flex (80/81 cv de potência com gasolina/etanol), e ostentava outro bloco, cabeçote, válvulas, coletores de admissão e escape, catalisador, sistema de partida a frio e central eletrônica, agradando pela pouca diferença de preço para os carros 1.3 8v (R$190 na tabela daquele ano).

O novo 1.4 8v permitiu o uso dos motores Fire também ao monovolume familiar Idea, que iniciou suas vendas no final de 2005 mantendo os 80/81 cv de potência (gas/eta). Pouco menos de dois anos depois, outro que estreou no mercado brasileiro movido pelo 1.4 8v Fire Flex foi o hatch compacto premium Punto, um dos primeiros nessa categoria de tanto sucesso hoje em dia. Porém, ele tinha melhores números de ficha técnica: seu Fire era o mais potente já visto, com 85/86 cv de potência (g/e), números obtidos através de coletores de admissão e escape maiores e mais modernos.

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Através do Mille Economy, da linha 2009, o 1.0 8v Fire Flex ganhou uma de suas versões mais eficientes. Focado na economia de combustível e na menor emissão de poluentes, o motor trocou seus coletores por outros com menores perdas de carga, recebeu um catalisador mais poderoso, comando de válvulas bem mais leve (27% a menos de peso), menor carga das molas de válvulas (25% a menos), bielas forjadas 30% mais leves e uma recalibração de toda sua parte eletrônica de ignição, injeção e gerenciamento. Potência e torque não mudavam, e o carro seguia com 65/66 cv, porém a Fiat prometia 10% a mais na economia de combustível.

Um pouco antes da chegada do ano de 2010, o 1.0 8v Fire Flex que equipava os Palio e seus derivados seguiu os passos do 1.4 Fire Flex do Punto, aumentando sua potência para 73/75 cv, com crescimento proporcional do torque (agora, já beirando os 10 mkgf com etanol). O motivo da melhora eram bielas 26% mais longas, pistões mais leves, anéis de baixo atrito e um novo coletor de admissão plástico.

O nome EVO Fire foi se popularizar com a chegada do Novo Uno 2011, em maio de 2010: a segunda geração do hatch usava o 1.0 8v e também o 1.4 8v, dependendo da versão. O Fire “milzinho” continuava com seus 73/75 cv, enquanto o 1.4 estava novamente mais potente: 85/88 cv, com gasolina/etanol, na ordem. Para ele, foram reservadas mudanças no sistema de admissão e na taxa de compressão, que estava muito maior (10,3:1 para 12,3:1).

Essas configurações iniciadas no Novo Uno foram mantidas pelos próximos anos, e usadas na nova geração do Palio, nas reformulações de Strada/Weekend/Siena Fire, no Grand Siena, no Novo Idea, no Doblò reestilizado, nos Uno redesenhados, no Mobi e até no Fiat 500 mexicano, movido pelo 1.4 8v EVO Fire Flex. É muito carro, com motores para dar e vender: só para que se tenha uma ideia, a marca de 5 milhões de unidades produzidas foi atingida lá em 2011, há 13 anos, e desde então sua produção não parou (a não ser na época da pandemia, claro).

Foto: Lucca Mendonça

Não, os EVO Fire Flex não estão mais com as boas potências obtidas no começo dos anos 2010. Foram “murchados” em prol de melhores marcas de consumo e para poluírem menos. Atualmente, o 1.0 8v equipa o Fiat Mobi numa versão mais tímida, de 71/75 cv de potência (gas/eta), enquanto o 1.4 8v resta apenas nos furgões gêmeos Fiat Fiorino/Peugeot Partner Rapid, com 84/86 cv. O futuro desses dois veteranos? Pouco animador, por causa da Fase 8 do Proconve que vem aí. Certamente, os 1.0 6v 1.3 8v Firefly, seus respectivos sucessores, darão continuidade à essa nobre missão.

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