Lotus 97T: O carro da primeira vitória

Lendas do Automobilismo – #1

Diversos automóveis escreveram o próprio nome na História devido à importância no automobilismo. Alguns, devido ao desempenho imbatível e numa perfeita combinação homem e máquina. Outros, por terem conquistado apenas uma grande vitória. E há, ainda, aqueles que levaram pilotos ao estrelato, mas pouca gente prestou atenção. Daí, resolvemos criar a série Lendas do Automobilismo, para relembrar essas máquinas voadoras (grudadas ao chão). E para abrir os trabalhos, escolhemos o Lotus 97T, carro que marcou a estreia de Ayrton Senna na escuderia inglesa.


Alguns podem até torcer o nariz e alegar que a Toleman TG184, de 1984, mereceria abrir a série, mas foi com a 97T que Senna conquistou a primeira vitória no GP de Portugal (Estoril) em 1985. E contra os fatos, não há argumentos… nem sempre!

Vamos lá. Se hoje se fala em downsizing dos motores, inclusive na F1, em que os carros correm com motores compactos 1.6 litro equipados com módulo elétrico e turbocompressor, em 1985 eles eram ainda menores. A Lotus 97T de Senna tinha um pequeno V6 turbo 1.5 Renault, que gerava estimados 800 cv. O bloco era uma evolução da versão de 1983, quando o regulamento da Fórmula 1 substituiu os motores V8 3.0 com aspiração natural pelos V6 turbo.

O carro era o terceiro desenhado pelo francês Gérard Ducarouge, que substituiu a cadeira de ninguém menos que Colin Chapman, fundador da Lotus e obcecado por carros super leves. Chapman tinha falecido em 1982. E o 97T não fugia à regra (e nem podia).

Com 540 quilos e uma distribuição de peso exemplar, o pequeno V6 foi posicionado milimetricamente atrás do cockpit, de maneira que o turbocompressor recebesse todo o fluxo de ar da tomada direita e comprimisse o máximo de volume para as câmaras de compressão. A transmissão era do tipo trans-eixo-manual de cinco marchas e completava o conjunto mecânico.

Na pista

O 97T não era um carro sobrenatural, capaz de dar condições para a equipe defender o título de 1985. Senna fez sua estreia na Lotus do GP do Brasil, largando na segunda fila, na quarta posição. No entanto, uma falha elétrica tirou o brasileiro da prova na volta de número 48. Seu companheiro de equipe, o italiano Elio de Angelis, terminou em terceiro, atrás da Ferrari de Michelle Alboreto e da McLaren de Alain Prost.

Na prova seguinte, em Estoril, Ayrton conseguiu a primeira vitória e voltaria a vencer novamente no GP da Bélgica, no lendário circuito de Spa-Francorchamps. A terceira vitória da Lotus, em 1985, foi na terceira etapa em San Marino, com Angelis.

Naquele ano, o carro traiu Senna por seis vezes e tirou seu companheiro em outras três, mas mesmo assim, a John Player Team Lotus terminou o ano em quarto lugar no ranking de construtores.

Aquele domingo

Depois de 25 anos, Senna segue como o maior piloto de todos os tempos. Imbatível, mesmo sem ter os mesmos números daqueles que chegaram depois dele. Um cara que você não enxerga como o herói que partiu, mas um parente que se foi. Aquela lembrança que embota os olhos e embarga a voz, sempre.

E vida que segue!


Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística.
https://www.youtube.com/garagemdojabulas


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