JAC Motors agora só vende carros elétricos no Brasil: otimismo ou presunção?
Ao que tudo indica e o mercado é o maior indicador, os carros elétricos chegaram definitivamente, passando inclusive por cima dos híbridos e dividindo opiniões. Que ele vai substituir totalmente os motores alternativos convencionais de combustão interna, disso você leitor não tenha dúvidas.
Gostando ou não, apesar dos problemas, é só uma questão de tempo para os elétricos dominarem, haja visto o mercado comum europeu: até 2035 será terminantemente proibida a produção de carros com motores de combustão interna em todo o território europeu. Há países que já anunciaram que os carros a gasolina, etanol ou diesel se encerram em 2030, ainda mais cedo. Para os saudosistas, não se apavorem: essa conversa no Brasil é completamente outra.
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Aqui nós temos o etanol, um combustível sustentável que polui menos o meio ambiente graças a produção de cana ou até milho, que consome o CO2 fruto da combustão dos motores que poluiria a atmosfera. Por isso, além da demora tradicional na chegada da tecnologia elétrica, os carros a combustão terão vida mais longa, mas creio que nada muito além de 2050 ou 2060.
O projeto, desenvolvimento e produção de novas tecnologias motrizes para os motores de combustão interna ficaria restrita a um número cada vez menor de países e, por isso, seu custo subiria. Acabaria muitas vezes nem compensando. Nesses cerca de 30 ou 35 anos adiante, seria tempo mais do que suficiente para o Brasil desenvolver e readequar toda sua rede elétrica para comportar a recarga de uma frota elétrica (milhões e milhões de carros em circulação).
Mas o fato é que estamos em 2023 e o país ainda não está pronto para isso. E, convenhamos, as baterias, para carga total, ainda precisam de cerca de 5 ou 6 horas, pelo menos, para uma boa recarga, o que acaba limitando muito a autonomia dos elétricos. Muita coisa ainda tem que acontecer para chegarmos nos níveis europeus.
E a JAC Motors brasileira, que em uma atitude ousada, típica do seu proprietário Sérgio Habib, optou por encerrar as vendas dos seus carros a gasolina e focar completamente nos elétricos: presunção ou arrojo? Passou até mesmo por cima dos intermediários híbridos, caminho tomado por muitas grandes marcas mundiais como a Toyota, que tenta unir a autonomia dos motores a combustão com a ecologia dos elétricos.
Mas na realidade, eles não são nem uma coisa, nem outra: tem a complexidade de um carro a combustão, com motores, filtros, sistema de injeção, além de toda a transmissão, que se desgasta com o passar do tempo, com toda a eletrônica complicada de um elétrico puro, isso sem contar as baterias, que tem prazo de validade e custam bem caro, muitas vezes mais que o preço do respectivo carro usado. Acabam, na minha opinião, sendo até uma ilusão. Inclusive pra mim.
Voltando a ousadia da JAC e do Sérgio Habib, diria que essa atitude é muito astuta, isso sim: ele está fornecendo ao mercado brasileiro veículos que hoje ainda são nichos e que a indústria e os veículos comerciais, principalmente grandes empresas, precisam mostrar ao país e aos seus acionistas que estão preocupadas com o meio-ambiente e por isso pagam mais caro para ter um furgão, van ou caminhão elétrico, sem poluição do ar e sonora, além da manutenção simplificada.
Uma boa estratégia de marketing do Habib, que surfa na crista da onda dos elétricos: só de 2021 para 2022, as vendas dos veículos 100% elétricos subiu 41% no Brasil. E além disso, para estar “bem na fita”, a JAC ainda explora segmentos que só ela participa: vans pequenas para passageiros, vans grandes para carga ou passageiros, picape cabine dupla, furgões minúsculos para empresas pequenas, chegando aos caminhões de médio e grande porte. Tudo elétrico.
Os clientes, empresas, também ficam “bem na fita”: mostram que pensam no bem estar da população e no meio-ambiente ao adquirir um veículo comercial elétrico ao invés de um diesel. Mas esse é só um começo, afinal hoje esses tais veículos comerciais elétricos são uma parcela ínfima da grande frota nacional, que já se aproxima dos 100 milhões de veículos dentre automóveis, ônibus, caminhões e motos.
Ainda assim, para toda grande caminhada é preciso darmos o primeiro passo. Temos cerca de 30 anos pela frente até o país vender só carros elétricos. O ponta pé inicial? Nesse caso veio da JAC, ainda que seja muito cedo pra cravar se é a melhor decisão ou não. Alguém tinha que começar, e apostar nesse futuro eletrificado.
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O que eu acho do carro elétrico? Nasci e me criei ouvindo o ruído de motores de combustão interna, assistindo corridas, participando delas e mexendo com carros de todas as formas. Sempre olhei com desdém para esses carros movidos só com eletricidade.
Hoje, com quase 70 anos e andando de passageiro em diversos carros elétricos, sentindo a tecnologia atual dessas máquinas, confesso que fico maravilhado: silenciosos, suaves e ao mesmo tempo rápidos e com acelerações brutais, se necessário. Para carregar, é um dia ligado na tomada 220V da garagem e está resolvido, com custo bem baixo.
Tecnologias que ainda estão em desenvolvimento, numa velocidade assustadora na última década. Acredito que, daqui a dez anos, o carro elétrico terá superado o nosso querido e futuramente saudoso carro com motor de combustão interna. Além do modernismo, uma surra que a velha tecnologia está tomando da nova tecnologia, a exemplo do que aconteceu no início do século 20: elétrico x combustão, com vitória do segundo pelo fácil acesso e autonomia com combustível líquido. Hoje deverá ser o inverso: vitória dos elétricos.