Ferrari 488 Pista: mais GTO impossível!

 Por Marcelo Ramos

 

A Ferrari vai levar para o Salão de Genebra a 488 Pista. Trata-se do mais potente modelo equipado com motor V8 na história da marca italiana e, também, um dos carros mais aguardados da marca. Derivada da 488 GTB, a Pista debita nada menos que 720 cv de seu V8 de 3,9 litros biturbo, que faz dela mais potente que a lendária Enzo, que extrai 660 cv de um grande V12 6.0 e nem tão distante da exclusivíssima LaFerrari com seus 800 cv entregues por um V12 6.3, combinado com uma unidade elétrica.

A versão faz uma ponte entre o modelo original, lançado em 2016, e a versão Challenge, desenvolvida para correr em categorias de turismo, mais precisamente na GTE do Campeonato Mundial de Endurance (WEC). A Pista é a quarta geração dessa safra intermediária que teve início em 2003 com a 360 Challenge Stradale, seguindo com a 430 Scuderia e 458 Speciale.

Trata-se de uma safra que oferece comportamento dinâmico semelhante aos dos carros de competição, com direito a melhorias aerodinâmicas, menor peso, ajustes de suspensão e freios de competição e, claro, generosas modificações no conjunto motor. Na 488 Pista, todos esses ajustes garantiram um peso de 1.280 quilos a seco (a LaFerrari pesa 1.255), o que faz da Pista um verdadeiro carro de competição, além de permitir ao seu dono também ir à padaria.

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Carga genética

Mas o que faz da 488 Pista um dos carros mais especulados dos últimos meses é que ela é a legítima sucessora da 288 GTO, de 1984. E há duas razões que justificam isso e a nenhuma outra Ferrari de motor V8 (com exceção da F40, sua sucessora direta).

Assim como a GTO a Pista é a única versão especial com V8 biturbo. Essa semelhança técnica gerou especulações de que o modelo viria a se chamar 488 GTO, mas parece que Maranello preferiu deixar a lendária sigla para outra ocasião. Talvez para um modelo próprio que venha substituir a LaFerrari no futuro.

Outra relação entre 288 GTO e 488 Pista esta no despojamento de seu acabamento. Como já foi dito, a nova Ferrari pesa menos de 1.300 quilos. Essa dieta foi conseguida à custa da remoção de requintes como sistema de áudio, navegação e acabamento. A Pista não conta com o farto revestimento em couro que as demais Ferraris. Couro só é visto no volante. Os bancos são de fibra de carbono e do tipo concha. Seu revestimento é em camurça e os cintos de segurança são de cinco pontos, como num carro de corrida.

A fibra também é preponderante em boa parte do acabamento interno, como no console central, onde se concentram as teclas da transmissão. O puxador de porta também foi substituído por uma alça em tecido. O único item de conforto dessa Ferrari, como na mítica F40, é o ar-condicionado.

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Aerodinâmica

Quem se lembra bem da 288 GTO sabe que ela foi desenvolvida para correr nas provas de circuito do tresloucado Grupo B da FIA. O carro era uma derivação do 308 GTB e teve 272 unidades produzidas. Sua produção para uso urbano, com tiragem mínima de 200 unidades, era uma exigência da FIA para poder ser homologada na categoria.

Apesar de seu V8 biturbo 2.85 entregar 400 cv, o peso ter sido suavizado, o acabamento espartano, e bitolas quase 20 cm mais largas, a versão tinha praticamente a mesma carroceira do 308 GTB, praticamente nenhum ganho aerodinâmico. Por outro lado, a 488 Pista entrega um pacote aerodinâmico surpreendente.

O carro adotou soluções importadas da Fórmula 1 e também da versão que corre no WEC. Quando se olha para a Pista, a primeira diferença notada em relação ao modelo original é seu capô “afundado”, literalmente. A razão desse buraco é justamente aumentar o coeficiente aerodinâmico do carro. Ele cria uma espécie de asa dianteira, como nos carros da F1. O ar entra pela grade frontal e sobe por uma rampa em direção ao para-brisa. Isso faz com que a pressão aumente no eixo dianteiro ampliando a estabilidade. Nas laterais, a tomada foi otimizada para aumentar o fluxo para os coletores de ar e também para o resfriamento do cofre do motor. Já na traseira, o sutil aerofólio da 488 GTB deu lugar a uma peça de maior superfície, que garante efeito solo sem a necessidade das asas móveis dos supercarros atuais.

Assim, a combinação entre potência, baixo peso e aerodinâmica fazem com que a 488 Pista acelere de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e atinja a velocidade máxima de 340 km/h, a mesma da truculenta 812 Superfast. Mais rápida que ela, só a LaFerrari que vai até 349 km/h!

 

Fotos: divulgação montadora

 

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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

Contato: (31) 99245-0855

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  • Antes da Challlenge Stradale, teve a F355 Limited Edition Fiorano, que apesar de ser uma edição limitada, tinha aprimoramentos técnicos para pista e era legalizada para as ruas.

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