Explosão GNV provoca nova morte e alerta sobre frota irregular

Frentista de 21 anos morreu após explosão GNV em São Pedro da Aldeia (RJ). Acidente alerta risco de frota irregular de carros a gás

Três graves acidentes envolvendo explosão GNV (gás natural veicular) registrados  nas últimas duas semanas alertam para um sério problema de fiscalização. O último aconteceu na tarde desta quinta (11) em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.

O acidente aconteceu no posto Salinas, com bandeira Petrobras, no bairro Balneário. Um Chevrolet Vectra 2001 explodiu durante o abastecimento, deixando quatro feridos. O mais grave foi o frentista, de 21 anos, que teve as duas pernas amputadas. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas acabou morrendo no hospital.

Na sexta-feira passada (05), outra explosão GNV foi registrada, dessa vez na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O veículo era um Fiat Fiorino, que ficou destruído, mas sem deixar vítimas. Em no dia 26 de julho, Mário Magalhães da Penha, 67 anos, faleceu após o cilindro do gás ter explodido, também na Zona Oeste do Rio. O equipamento instalado era irregular e não tinha passado por fiscalização.

Os três graves acidentes chamam atenção para um risco ignorado por muitos proprietários: o uso de cilindro GNV irregular. O Brasil possui cerca de 2,6 milhões de veículos movidos a gás, o que corresponde a 5% da frota total do país. Porém, a maioria (72%), circula sem a documentação em dia.

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Os veículos com GNV devem possuir o  Certificado de Segurança Veicular (CSV) atualizado  para obter o licenciamento anual. Uma pesquisa feita pelo app GNV Legal, contudo, mostra que a realidade está longe do ideal. Com base em 39.954 veículos registrados, apenas 41,18% estavam com a inspeção veicular válida. Outros 41,01% estavam com documento vencido e 17,8% sequer passaram por alguma vistoria.

Regras para o GNV

 

Os casos recentes de explosão GNV mostram que muitos motoristas ignoram as regras previstas pela legislação. Para converter o veículo, o proprietário precisa de autorização do Departamento de Trânsito (Detran) e realizar o procedimento numa empresa homologada pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Após isso, o veículo deve passar por vistoria numa Instituição Técnica Licenciada (ITL) junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Aprovado nesta vistoria, o veículo obtém o o certificado de segurança veicular (CSV) e o selo GNV. O motorista deve voltar ao Detran para  regularizar o tipo de combustível no documento.

Explosão GNV em São Pedro da Aldeia (RJ) provoca nova morte

O veículo com GNV deve refazer a vistoria técnica anualmente, afim de obter o Selo GNV, de uso obrigatório. Além disso, a cada cinco anos o cilindro deve passar por uma “requalificação” para  avaliação das suas características mecânicas.

 

Solução para evitar explosão GNV

 

Acidentes com explosão GNV chamam a atenção de autoridades de trânsito e de entidades, como a Federação Nacional da Inspeção Veicular (Fenive), sediada em Belo Horizonte (MG). Contudo,  os problemas estão na falta de manutenção e não no sistema em si. No caso da morte de Mário Magalhães, a perícia mostrou que o cilindro envolvido no acidente não é o mesmo que havia sido inspecionado no veículo em 2021.

“O sistema de GNV é seguro. Os componentes são certificados pelo INMETRO e passam por rigorosos testes de confiabilidade. Cilindros de GNV, por exemplo, podem ser alvejados por projéteis de fuzil, sem estourar, e suportam pressões muito maiores que aquelas do abastecimento”, afirma Daniel Bassoli, diretor-executivo da Fenive.

Uma solução para evitar os acidentes é criar um sistema de rastreio dos veículos irregulares. A entidade sugeriu a adoção de um software para vincular o cilindro GNV ao veículo e de um banco de dados unificado. Tais medidas poderiam ajudar a restringir a circulação e abastecimento de modelos fora do padrão. A proposta foi apresentada ao Inmetro em 2019, mas até hoje nada foi feito.

 

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