Elétricos: realidade ou omelete sem ovo?

Toda edição do Salão do automóvel de São Paulo é pautada por um discurso uníssono. Neste ano, os fabricantes só faltaram fazer uma novena para que os santos da economia reduzam a cotação do dólar. Muitos executivos tomaram seus microfones e deixaram claro sobre a necessidade de valorização do real para fazer com que seus planos se tornem viáveis. E o barateamento das verdinhas do Tio Sam é fundamental para o outro eco do pavilhão do São Paulo Expo. A eletrificação!

Com exceção da Fiat-Chrysler, praticamente todas as marcas que montaram estandes na mostra paulistana apresentaram algum projeto elétrico. Os italianos rechaçam a ideia de apostar numa nova matriz enérgica. Para a FCA, o Brasil não precisa de elétricos. Eles acreditam que o país precisa fortalecer o etanol, que é uma matriz energética menos agressiva que a queima de petróleo e não demandaria investimentos tão pujantes para construir corredores elétricos para recarga dos carros movidos a pilha.

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Mas os italianos parecem estar sozinhos diante do rosário da indústria. A Chevrolet foi a primeira a anunciar um elétrico. O Bolt EV chega já em 2019 ao preço de R$ 175 mil. O carro estava disponível para quem quisesse experimentar.

Bolt EV

Seu motor que entrega aproximadamente 200 cv e extravagantes 36 mkgf de torque de forma plena faz do Bolt EV um carro ágil, mesmo que suas baterias façam dele um carro pesado. Mas há suas compensações: o elétrico tem autonomia que beira os 400 quilômetros, o que é uma autonomia considerável.

 

Além da GM, a Nissan também anunciou seu elétrico. A segunda geração do Leaf está confirmada para ser vendido por aqui. Ele custará R$ 170 mil, com o dólar caindo ou não. O presidente da Nissan para América Latina, Jose Luis Valls, acredita que o momento de lançar o Leaf é agora.

Leaf

“A primeira geração foi um teste, mas agora temos o carro adequado para o mercado e não podemos depender de uma flutuação cambial para formar nossa estratégia. Temos um planejamento sólido e é assim que iremos trabalhar”, afirma o executivo. No entanto, ele também defende a necessidade de investimentos para construção de corredores elétricos. “É necessário que setores público e privado se envolvam para a construção de uma infraestrutura de pontos de recarga”, observa.

 

A Renault também anunciou seu elétrico para o Brasil. O Zoe também tem passaporte carimbado e etiqueta de preço. O carrinho custará R$ 150 mil e figura como uma das opções mais acessíveis até o momento.

Zoe

A marca francesa inclusive formou parceria com a construtora mineira MRV que inaugurará um condomínio que conta com células fotovoltaicas que alimentam o ponto de recarga do Zoe que será cedido para a empresa. A dobradinha que mostrar que é possível utilizar a luz solar para gerar eletricidade para as baterias.

 

A BMW que foi pioneira no segmento o i3 voltou a importar o carrinho, que utiliza um motor a 1.5 de 136 cv para gerar eletricidade para as baterias. As mesmas podem ser recarregadas na tomada, ou pelo dispositivo Wall Box, que é uma espécie de carregador que acelera o tempo de recarga. O i3 em breve terá companhia do Smart ForFour EQ, que foi confirmado pela Mercedes-Benz.

A Volkswagen levou o conceito I.D. Crozz, um jipinho elétrico que fará parte da família I.D. que deverá estar amplamente difundida até 2025.

I.D. Crozz

 

Chery, Audi, Hyundai, Honda e Toyota  também mostraram seus carrinhos a pilha. A Ford entrou na dança com a versão Plug-in do sedã Fusion.

A eletrificação é um caminho sem volta. Já batemos nessa tecla mais vezes. As fabricantes querem colocar seus carros limpos por aqui, numa estratégia que irá beneficia-las com a aprovação do programa Rota 2030. Mas fato é que não há estrutura para recebe-los. É como querer fazer uma omelete contando que galinha irá botar!

E vida que segue!

 


 

Marcelo Jabulas é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

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  • Seria mais sensato investir em carros híbridos e também no barateamento do Etanol, no segundo a venda direta do produto da usina para o posto derrubaria o preço de maneira significativa.

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