Ainda são muito nítidas as lembranças natalinas de minha infância. No tradicional almoço do dia 25, um tio que sempre distribuía presentes para os sobrinhos trazia dois carrinhos e sete bonecas para a casa de nove netos. Tenho plena convicção que a intenção do tio sempre foi agradar os pequenos. Mas um ato que seguia um conceito preestabelecido de que carro era coisa de menino.
Mas a gente sabe que não é bem assim. Apesar de o universo do automóvel sempre ter exalado gasolina e testosterona do carburador, as mulheres sempre tiveram participação nesse mundo mecanizado. E cada vez mais ganham protagonismo.
Talvez o amigo não saiba, mas a primeira viagem de automóvel foi feita por uma mulher. Bertha Benz quis provar que a invenção de seu marido Karl Benz, o Patent Motorwagen, era capaz de cumprir com uma viagem.
Benz estava com dificuldades para convencer que sua criação seria revolucionária. Bertha então subiu no triciclo, embarcou os filhos e saiu em viagem com o primeiro automóvel do planeta. Reza a lenda, que ela inclusive precisou comprar gasolina numa farmácia.
Olho na seta
No início do século 20, a atriz canadense Florence Lawrence inventou o que hoje são as luzes de direção e freio. Naquela época a sinalização era feita com as mãos. E com o aumento do volume nas ruas norte-americanas, balançar o braço não era mais tão eficiente para evitar colisões.
Florence então desenvolveu um sistema com bandeirinhas que indicavam a direção para que o carro iria, assim como uma plaquinha grafada “STOP”. Por não ter patenteado sua invenção, a atriz nunca recebeu um centavo por sua contribuição.
E desde sempre a indústria do automóvel se moldou ao olhar da mulher. As marcas descobriram que a decisão de escolha do automóvel era definida pela opinião feminina. Assim, fabricantes começaram a buscar atrativos para cativar as mulheres, mesmo que elas ainda não fossem as condutoras.
O carro deveria transmitir para ela não apenas potência, mas comodidade, segurança e conforto. Desde os porta-trecos ao SUV, muito que se dirige hoje foi porque ela exigiu. Sim amigão, esse SUV fortão que você guia, ganhou força e expressividade quando ela descobriu que à bordo dele tinha uma visão mais elevada.
E o carro mais robusto lhe transmitia mais segurança do que num sedã ou hatch. O protagonismo da mulher na indústria do automóvel se tornou tão vital para a atividade, que as fabricantes viram que era necessário tê-las em suas lideranças.
No controle
Em 2010, Denise Johnson assumiu a presidência da General Motors, no Brasil. Ela chegou num momento complicado em que a matriz se recuperava da crise de 2008. Grace Lieblin também comandou a gigante de Detroit por aqui. Mary Barra, por sua vez, é a atual chefona da GM. Engenheira elétrica por formação, está no cargo desde janeiro de 2014.
Por aqui, Ana Theresa Borsari chefia a PSA (Peugeot-Citrôen) desde 2015. A CEO, que passou por cargos executivos na Europa, veio para consertar as pataquadas que as marcas francesas fizeram no passado. Com simpatia ímpar, a executiva sempre foi boa para contornar críticas a respeito dos produtos e do modelo de negócio das francesas.
No volante
Ao longo da história, muitas mulheres desbancaram bigodudos nas pistas. Os países com o maior número de pilotos mulheres são Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha. Espanha e Itália também formaram boas pilotos. E foram desses países que surgiram nomes como Michèlle Mouton, Danica Patrick, Ellen Lohr, Suzie Wolf.
Mas não pense que a participação feminina é algo recente. A primeira mulher a correr na NASCAR, foi Sara Christian. Ela fez sua estreia em Charlotte e correu outras seis provas, durante duas temporadas.
Ethel Mobley também integrou o quadro de pilotos da Stock norte-americana. Irmã de três pilotos pioneiros da categoria, Tim, Fonty e Bob Flock, ela fez sua estreia em 1949, em Daytona. Já a primeira mulher a se classificar para as 500 Milhas de Indianápolis foi a norte-americana Janet Guthrie, em 1963. Ela ainda correu as 500 Milhas de Daytona.
No Brasil, Graziela Fernandes foi pioneira no automobilismo. Ela começou a correr ainda na adolescência e após seu carro quebrar, foi reclamar na Willys e acabou sendo contratada. Seus colegas contam que a piloto ajudou a popularizar o automobilismo pela curiosade de ver uma mulher nas pistas.
Nos dois lados do balcão
Na cobertura automotiva a mulher também conquistou espaço. E, se há 20 anos poucas colegas disputavam “aspas” de executivos com marmanjos, hoje elas assumiram a linha de frente. Elas se tornaram nomes de peso nas publicações e figuras centrais em canais e programas de TV, como nossa Camila (na foto), que faz dobradinha com o velho Camanzi.
Elas também estão nas assessorias e desembolam demandas com uma facilidade ímpar, seja como assessoras, gerentes ou diretoras. Assim, podemos concluir que atrás de todo carro, sempre existe uma grande mulher.
Parabéns a todas as mulheres, sejam elas pilotos, navegadoras, motoristas, caronas, engenheiras, repórteres, assessoras, mecânicas, frentistas, na linha de montagem e até mesmo sem nenhum vínculo com o automóvel.
E nunca se esqueçam: todo dia é um 8 de março.
Fotos: Mercedes-Benz/Divulgação e reprodução YouTube
Marcelo Jabulas é Jornalista.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. https://www.youtube.com/garagemdojabulas
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