Bem, a inauguração foi da General Motors, em Gravataí (RS), mas na hora do seu discurso, o ex-presidente FHC, equivocadamente, anunciou que a fábrica era da Ford.
No momento daquela fala, o pessoal da fábrica, diretoria e demais integrantes da equipe manifestaram grande surpresa e desagrado (dava para notar pelas suas expressões), afinal, a festa era da GM e não da sua concorrente. Mas, à noite, nos telejornais e, no dia seguinte, com as manchetes falando da gafe presidencial, todos ficaram felizes com a repercussão. Afinal, erro de presidente ninguém esquece, não é? E quantos erros eles cometem, não é?
A inauguração aconteceu no dia 20 de julho de 2000, num dia de muito frio. Além do então presidente da República, lá estavam autoridades federais e do Estado, futuros trabalhadores da fábrica, centenas de convidados e cerca de 300 jornalistas de todo o Brasil e também da América do Sul.
Para esses últimos, foi montada uma Sala de Imprensa, a maior da história da indústria automobilística até hoje, com 200 computadores, sendo 50 deles em Espanhol para atender a “los Hermanos”.
Esse volume de gente foi motivado pela expectativa criada diante do segredo mantido pela GM em relação ao carro, fruto do projeto Blue Macaw* (Arara Azul), cujo resultado, o carro, que só foi lançado quase dois meses depois, no dia 2 de setembro daquele ano, com o nome de Celta, que vendeu cerca de 1,5 milhão de unidades, até 2015 quando saiu de produção.
Arara Azul e Quero-quero
Duas aves fazem parte da vida da fábrica da GM em Gravataí. A primeira por seu nome, em Inglês, foi escolhido para nome do projeto, que foi mantido em segredo por vários meses, até mesmo dentro da empresa. Nós da Assessoria de Imprensa, só “conhecemos” o Celta, às vésperas da inauguração da sua fábrica.
Por sua vez, o Quero-quero, aquele mesmo pássaro que ocupa espaços nos campos de futebol e aeroportos em todo o País, também tem seu espaço lá em Gravataí. E, para quem não saiba, ele é bastante agressivo, especialmente quando têm seus filhotes.
Acontece que o restaurante da fábrica teve sua porta colocado muito próxima a um ninho de Quero- quero e, quando à época de procriação, funcionários de um prédio vizinho são obrigados a contornar o do restaurante, para escaparem das agressivas aves.
Outro voador. Muito preciso
Uma observação curiosa: dias antes da inauguração o Grupo Precursor da Presidência da República esteve em Gravataí para ver como seria o evento, quais lugares por onde o presidente da República passaria e escolher o local onde pousaria o helicóptero, vindo do aeroporto de Porto Alegre, que o levaria até a fábrica.
Junto com um colega da fábrica, acompanhamos o oficial que fez a visita. No momento da escolha do pouco da aeronave, ele demarcou o local, onde já estava o helicóptero que o trouxera e equipe, ordenando que o lugar fosse cercado e mantido em segurança.
– Nós vamos pousar exatamente aqui, e ninguém deve ocupar esta área.
Sua ordem, claro, foi obedecida. Mas nos deixou curiosos quanto à sua determinação: “vai pousar exatamente aqui”.
Na dúvida, marcamos o local apontado por ele, com algumas pedras de cores diferentes daquelas no local.
No dia do pouso oficial, fomos lá conferir: nenhum milímetro para lá ou para cá. Milimetricamente no local marcado.
O oficial veio falar comigo e o meu colega: “eu sei que vocês não acreditaram no que eu disse, não é? E marcaram o local com pedras que agora estão cobertas. É que o nosso GPS é preciso capaz de fazer este pouso sem erro. Não é como o GPS comum.
(*) O Projeto Blue Macaw foi instalado em Gravataí (RS), em uma área de 1.302.120m², onde foram construídas a fábrica da GM e de seus 18 fornecedores, no que passou a chamar Complexo Industrial Automotivo de Gravataí. Em razão das obras, árvores foram retiradaspor algum tempo. Depois foram transplantadas para lá 224 figueiras, dentro do programa estabelecido para a Área de Preservação Ambiental.