De Carro Por Aí – Coluna 3818

O novo Jetta

Em sétima geração, o Jetta, sedã desenvolvido sobre a plataforma do Golf, junta o melhor dos mundos: base de qualidade; quatro portas; elegante; motor 1,4 turbo com injeção direta de combustível feito no Brasil; produção no México e importação livre de impostos. Constitui-se num dos bons soldados para a ofensiva de resgate de vendas e imagem tocada pela empresa sob o rótulo Nova Volkswagen. Marca tem divisão de sedãs para sensibilizar interessados em porte e preço. Os há em vários degraus: Voyage, Virtus, Jetta, Passat. Exceto o primeiro, todos empregam versões da plataforma MQB.

Foco

300x250

Empresa fez bom desenvolvimento ao especificar versões para o mercado brasileiro.  Resumiu-as em Comfortline e R-Line, para ficar bem isolado, sem concorrer com os primos. Visualmente é inequivocamente um Volkswagen, com estilo alemão, claro e franco. No momento marca-se por veios laterais e pela ampla grade frontal para caracterizar um modelo Premium. Nada a ver com as gerações vistas na rua – a última chegou a ser montada no Brasil, numa operação Acalma Sindicato. Relativamente a esta é maior, mais largo, alto, em realce o comprimento contido em 4,7m e a ótima distância entre eixos de 2,7m, garantindo duas características: espaço interno aos passageiros e rolagem de ótimo conforto. O foco em reduzidas versões limitou o uso de motores. Descartou o decrépito 2 litros e 8 válvulas, e focou no 1,4 TSI uma das boas surpresas do mercado. Com 150 cv de potência e, principal, 25 mkgf de torque entre 1.500 e 3.500 rpm, garante respostas rápidas e satisfatórias. Vai da imobilidade aos 100 km/h em 8,9s e crava velocidade final de 209 km/h. Curiosidade física, potência e torque tem os mesmos dados para uso de gasálcool ou etanol. Restante com conjunto concentra-se na tração frontal por transmissão automática, seis velocidades, com conversor de torque e acionamento Tiptronic. Freios a disco nas 4 rodas.

Mais

Volkswagen o compôs seguindo sua atual filosofia: aplicar equipamentos usualmente encontráveis em veículos de faixa superior, como iluminação ambiente da cabine, faróis e lanternas em LED, acabamento interno considerado Premium. Regulagens para performance, conforto, economia. Opcional, apenas 1: teto solar. De Volks este Wagen tem cada vez menos…

Sistema de infodiversão elaborado, tela com 20 cm, e preocupação interessante, a garantia longa, de três anos, sem limite de quilometragem – o pessoal de   vendas deveria conversar com colegas do Jurídico para saber que o entendimento de lei é o dado maior … Inclui graciosidade para as três primeiras revisões, como sempre ocorreu no Brasil, tradição cortada pelos fabricantes. Parece ter-se inspirado nas companhias aéreas cobrando pelo que antes era tradicionalmente gracioso.

Virá, a partir de outubro, e as duas versões devem vender 70% de Comfortline e 30% de R-Line, com previsão por Pablo Di Si, CEO para a América Latina, da venda entre 10 e 15 mil unidades anuais. Parece cauteloso. Ante concorrentes e seus preços, sinaliza maiores possibilidades.

Quanto

Versão                  R$
Comfortline                    109.990
R-Line             119.990

 


Roda-a-Roda

Atração – Salão do Automóvel, 08-19.novembro, marca Senna exporá uma das 500 unidades do McLaren Senna. Junto, o Fórmula 1 MP4/5 com o qual Ayrton Senna ganhou o GP de Monza em 1990.

 

Negócio – Carro é da categoria Superesportivo, motor V8, 4.000 cm3, bi turbo, 800 cv e 800 Nm de torque. É o mais veloz da empresa em 340 km/h de velocidade final. Custa R$ 8M (!) e três foram vendidas para o Brasil.

Inspiração – Diz a família, carro é fiel às habilidades lendárias do piloto, seja lá o que for isto nesta etérea atmosfera. A Senna não o venderá, missão do representante local. Aparentemente irá à mostra para comercializar direitos de artigos com o nome do finado campeão. Perguntada, a marca Senna não esclareceu o que faz.

Fim – Renault definiu: Fluence sairá de produção até o final do ano. Já não vende no Brasil, onde seria o carro ideal para aplicativos. Razões simples, mercado de sedãs capitula ante o de SUVs, e necessidade de espaço industrial na velha fábrica, ex Jeep, hoje Renault, em Santa Isabel, Córdoba, Arg. Informações do jornal buenairense Âmbito Financeiro.

Substituto – Será o Arkana, mescla de sedã com SUV, um crossover, categoria com estilo nem sempre bem saudado, inaugurada pelo BMW 6. Produção no Brasil em 2020.

 


Surpresa – Curiosidade no mercado, Fiat e Jeep aceleraram vendas em agosto e somaram a liderança nos segmentos de picapes, comerciais leves e utilitários esportivos, levando a FCA a crescer acima da média do mercado. Tal resultado no mês deu-lhe a segunda posição de vendas no mercado.

Briga – Passou a Volkswagen, com quem contende duramente, mas ao final do ano números devem manter a GM como líder de vendas.

Questão – Liderança é por marca ou por empresa? Válido oprimeiro conceito, GM estará em 1º lugar. Pelo outro, será a FCA. Entretanto se for disputa de CNPJ, soma das vendas de suas principais marcas, Fiat + Jeep, lidera.

Mais – Três primeiras colocações ficarão entre GM, VW e FCA. Quarta e quinta embolam Ford, Hyundai, Renault e Toyota. Ranking lembra classificação de treino da Fórmula 1: diferença entre Ford, 4ª em vendas e Toyota, 7ª posição, é de 1,4% em vendas.

Cenário – Industrialmente Hyundai opera no limite de sua capacidade, porém Toyota, em passo inverso agregou terceiro turno de trabalho e vendeu mais de 10 mil unidades do Yaris em dois meses, quase o dobro do Etios. Renault vem crescendo, liderando o segmento de entrada como o Kwid, coerentemente seu mais vendido, e desencantando vendas para o Captur.

Dupla – Renault e VW são as marcas de maior crescimento no mercado nos primeiros oito meses do ano.

Auxílio – Novo recurso off-road apresentado nos picapes F-150 Raptor 2019 e no picape Ranger 2019 – não ao modelo mercosulino. É o Trail Control, controle assumindo acelerador e freios até 32 km/h em estradas sáfaras, ruins.

E daí – A indústria automobilistica trabalha contra si mesma, negando o uso do automóvel ao pretender substituir prazer de condução por motorista eletrônico.

Também – Mercado de duas rodas superou 100 mil unidades em agosto e quase 700 mil produzidas nos primeiros 8 meses do ano: 21% acima dos números do exercício passado.

Porque? – Vetores do crescimento são maior oferta – ou menor dificuldade para obter crédito -, e o crescimento pela opção dos planos de consórcio.

Acerto – Quem acompanha a questão entre a CAOA e a Hyundai no desfazimento do acordo operacional para produzir utilitários esportivos e pequenos caminhões na fábrica de Anápolis, GO. diz, o desatar vai muito bem.

Recall – Chamada pública, todos sabem, para correção de algum item atentatório à segurança, pondo em risco ocupantes do veículo e os das vias. É feito utilizando a mídia para conhecimento e efeito.

Exclusividade – São chamadas volumosas, exponenciais, dadas as quantidades usualmente construídas pelos fabricantes. Pode ser de milhões, como o caso dos airbags Takata das japonesas. Ou para apenas uma unidade, no caso de Tiguan Allspace, feita pela VW, em anúncio desta semana.

Curiosidade – Recall para solitária unidade? É, explica Fernando Campoi, pela fabricante. Apesar de sabermos localizar o proprietário, o Ministério da Justiça entende que o texto legal não permite atendimento sem chamada pública. No caso, com o proprietário morando em S Paulo, usamos apenas jornais paulistas.

Solução – Voo cancelado, atrasado, excesso de passageiros, bagagem extraviada, transportadora descompromissada? Tem solução. Start up mineira, a Não voei.com se propõe a ajudar. Pelo sítio empresa analisa e orienta quanto ao melhor caminho a tomar. Só recebe em caso de êxito.

Questão – Coluna passada comentou engano sobre Ford Modelo T apresentado como 1908 durante premiação dos melhores veículos no majestoso Encontro de Veículos Antigos em Araxá. MG, com patrocínio Renault. Leitores querem saber o porquê.

Óbvio – Questão temporal, simples entender, diz o Curador do Museu Nacional do Automóvel: O Modelo T iniciou ser vendido ao final de 1908. Produção contida, pré sistema de linha de montagem. Teriam saído das portas da agora velha fábrica de Piquette, entre outubro e final de dezembro menos de 2.000 unidades.

Conta – À época não havia representante Ford no Brasil, e a demanda do veículo nos EUA, o mais barato no mercado, não permitiu exportá-lo. E tivesse isto ocorrido, o tempo entre produzir, cuidar da logística de transporte fluvial e marítimo, não teria chegado durante o ano de 1908. Após, seria licenciado no ano da venda.

 


Gente – Herbert Negele, alemão, mestrado em engenharia aeroespacial e PhD em sistemas, vida mansa. OOOO Deixa na matriz alemã dedicação em carros híbridos, de estratégia, e será diretor de engenharia na BMW Brasil. OOOO Aqui empresa faz primária montagem de peças, sistema vigente antes da implantação da indústria automobilística. OOOO Processo simplório. mas aprenderá muito no entorno. OOOO Em especial pelas expressões consagradas: ‘tá saindo; não esquenta; no final dá certo, e a curiosamente vertida para estrangeiros, a Tea with Me, localmente a xa comigo.OOOO

 


A liderança do Jeep Compass

 

Assinalando dois anos de lançamento, o Jeep Compass tem números e dados a sustentar sua aceleração e penetração no mercado. Desde setembro de 2016 vendeu mais de 95 mil unidades; nos últimos 12 meses cravou 58.188 emplacamentos, significando ter crescido 30% em relação ao mesmo período, janeiro a agosto, percentual duas vezes superior ao mercado, com 11,4%. Na prática é líder disparado – sua moderna fábrica, em Goiana, no fim do norte pernambucano, quase divisa com Paraíba, detém recorde curioso: de seus três produtos, dois são líderes – o Compass e o picape Toro, vendido com marca Fiat.

Renegade, ex-líder do segmento, também vai muito bem.

Mix de vendas é muito interessante, com sólida participação das versões de maior preço, motor diesel 2,0, transmissão automática de nove velocidades e tração nas 4 rodas Jeep Active Drive Low, a reduzida e o controle Select Terrain  representando 35% das vendas. A Sport, de entrada, bem equipada, é 10% das encomendas. É produto definidor de seu cliente. Quanto à motorização, o engenho Flex Tigershark representa os restantes 65% das preferências.

Além do estilo bem formulado; da modernidade; é o veículo nacional com o maior pacote de tecnologia embarcada, com recursos de condução autônoma, como o ACC – controle adaptativo de velocidade; FCWp – alerta de colisão com frenagem automática; monitoramento de mudança de faixa; BSM – detectores de ponto cego; Park Assist para manobrar em vagas de estacionamento.

 


 

 

José Roberto Nasser, carioca de nascimento e brasiliense por convicção, é um dos mais antigos jornalistas do setor automotivo brasileiro. Advogado, é também um apaixonado por carros antigos, motivo que o levou a fundar o Museu Nacional do Automóvel, em Brasília, onde preserva a história da indústria automobilística brasileira. Com um texto peculiar e muita informação, principalmente dos bastidores, a Coluna do Nasser, semanal, é leitura obrigatória para saber o que se passa dentro desse importante setor da nossa indústria.

edita@rnasser.com.br

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