Tirando onda, o Civic S.I.
Se você quiser entender o espírito da versão importada do Honda Civic, em morfologia cupê e dito S.I., deve procurar o significado das iniciais. É Sport Injection. Nada a ver com o sistema de alimentação, traduzido como Injeção Esportiva mas, no caso, um aditivo de esportividade e, importante, não é para
automóvel, mas para o proprietário.
Coisa coerente, o S.I. por si só porta um pacote de elaboração. O motor L4, 1,5 litro, 16 válvulas, injeção direta, turbo, transversal dianteiro, em primeira geração, está no terceiro nível de potência, atingindo 208 cv e 26,5 Nm em torque. Caixa mecânica de 6 marchas, tração frontal, freios a disco nas 4 rodas,
todo o pacote eletrônico de segurança, buchas de suspensão em borracha, substituindo sistema hidráulico, para maior percepção e sensibilidade, barra estabilizadora com 26 mm de espessura.
Pacote ajeitado, agradável ao uso especialmente ao urbano, para absorver as irregularidades do piso, mas nada resolve em resultado esportivo. Para transformar automóvel e seu condutor um botão, ao pé do console, muda a programação do automóvel. Está indicado Sport, e premido reconfigura o mapa
operacional: o acelerador se torna mais responsivo, amortecedores tem maior pressão, direção mais precisa e, diz-se, o turbo eleva a pressão a 1,4 bar.
O conjunto se transforma e o automóvel ganha aderência, seu comportamento para entrar, ficar e sair das curvas aproveitando o amplo torque do motor mostra-o de extrema agradabilidade. Freará melhor, responderá em menor tempo às demandas ao acelerador, desenhará melhor as curvas.
A mudança espelha desejo – e alma – dos usuários. É uma das designações mais honestas no mundo do automóvel, e seu uso muda inteiramente parâmetros operacionais e o comportamento. Conjunto rodas de liga leve e pneus radiais 235x40x18 tenta harmonizar os dois tipos de uso e resistir a pequenos buracos.
Dirigi-o no surpreendente circuito Velocitta, em Mogi Guaçu, SP. Primeiro, com o modo Sport demandado. Ótima experiência, avaliando como o S.I. se comporta e se manteria com vigor. Pensando como dona de casa na messe de levar meninos ao colégio ou ir ao supermercado, dei uma volta sem o programa de regulagem, e encontrei um carro normal, sobrevivendo à demanda extra. Na prática, um botão altera a personalidade, e o carro esperto de uso urbano, se transforma em um carro muito esperto e com dimensionamento mecânico apto a melhor aproveitar os novos parâmetros de estamina solicitados.
Não espere encontrá-lo para análise ou test-drive num concessionário Honda. O primeiro lote, com adaptação ao uso nacional, como um centímetro a mais em altura livre do solo, e tratamento anticorrosão alcoólica no sistema de alimentação, tem apenas 60 unidades – menos da metade da rede.
Interessado, procure o revendedor e o material de divulgação, e dê um sinal para garantir a entrega. Restante para completar R$ 159.900, à entrega.
Ps. Como o revendedor não investe para comprar a unidade, há margem para pedir descontos ou supervalorizar o usado oferecido como entrada.
O que vende mais ? Bom produto ? Boa direção ?
Se a dúvida é recorrente, a Volkswagen se candidata a responder tal questão. Será com o Tiguan, para mim o melhor utilitário esportivo da praça. Mas se é bom de aceleração, velocidade, estabilidade, freios, segurança no rodar e preço, tem vendas desproporcionais. Dificuldade básica foi afastada pela reconquista da autonomia da VW do Brasil em gerir suas vendas. Resultado desta definição, empresa reconquistou a peso de ouro de Gustavo Schmidt, ex-gerente comercial, para a vice presidência no setor. Em dupla com novo presidente Pablo Di Si, subiram 37% nas vendas, ascendendo ao segundo lugar no mercado – e quer voltar a ser a primeira.
VW finalmente reagiu para entender o crescimento de vendas dos utilitários esportivos, e o terá cinco modelos em dois anos, iniciando com o Tiguan.
Tiguan
Mexicano, isento de imposto de importação, agora construído sobre plataforma modular, ótimo aproveitamento de espaço, em especial na cabine. Leva o nome de Allspace. Transmissão, automática, a DSG, sete marchas, mesma de seu primo Audi Q3, equipará versão de topo. Serão duas, com turbo e injeção direta, quatro cilindros, 16 válvulas. No topo, 2,0 litros e 220 cv, 350 Nm de torque. Mesmo aplicado aos Audi, tem injeção direta na cabeça dos pistões e indireta no coletor de admissão. Disposto, sai da imobilidade aos 100 km/h em notáveis 6,8s e crava final de 223 km/h. Motor 2 litros indica a disponibilidade de sete lugares.
Opção de entrada, exemplo de redução de pesos e medidas, o 1,4 litro, 150 cv, 250 Nm de torque – construído pela VW Brasil em São Carlos, SP. 10 cv a mais relativamente à versão anterior, nascidos com a troca de pistões e anéis de segmento, recalibragem da Centralina. Transmissão automática 6 velocidades, vai de 0 a 100 km/h em 9,5s e arranha os 200 km/h em velocidade final. É ávaro em consumo. Motor menor não tem opção de tração total.
Muda tudo
Nome igual, tudo diferente. Maior, mais largo, mais baixo, maior distância entre eixos. Na prática melhora o comportamento dinâmico e a habitabilidade.
Externamente cinco cores, sólida Branca; metálicas Vermelho Ruby, Prata Snow e Cinza Platinum, e a perolizada Preto Mystic – estes intelectuais criadores de nomes de cores deveriam exemplificar o que inspira a Preto Místico? Um pai de santo na Bahia? … Rodas em liga leve 17, 18 ou 19 polegadas de diâmetro.
Estas e a decoração da grade frontal mudam de acordo com a versão.
Traseira harmonizada com lâmpadas a LED. Dentro, painel digital com várias configurações, sistema de infodivertimento voltado ao motorista. Ao uso encaixes perfeitos entre painéis, típicos da qualidade construtiva alemã, grande modularidade dos bancos e ganho de espaço no porta-malas. Há jeito para transportar a prancha de surf que você nunca levará.
As versões 2.0 tem tração total e relativa facilidade de andar, com estabilidade, em estradas de terra. Nada a ver com jipes e outras grosserias mecânicas para trabalhos ínvios como arrancar toco ou rebocar caminhão carregado e atolado, mas andar safo e seguro em locais sem pavimentação.
Adicionalmente, versão R Line. Em tese o R sugere sobre rendimento obtido por elaboração da mecânica, como fazem M na BMW, SVO na Ford, AMG na Mercedes, S para Audi. Mas não ocorre. A diferença é apenas decorativa.
Eletrônica foca em conforto, e o Tiguan segue o Manual Cognitivo apresentado com o Virtus, apto a responder questões do motorista sobre seu uso.
[su_box title=”Quanto custa”]
Versão R$
Allspace 250 TSI 124.990
Allspace Comfortline 250 TSI 149.990
Allspace R-Line 179.990
[/su_box]
Venderá bem? Números dirão.
Bom dia, viado!
Imagino ter sido esta a frase ouvida por São Pedro, no balcão do SAC celeste, ao receber meu primo Fernando – Luiz Fernando Macedo Nasser, 1951-2018.
Vendo registros das ações cristãs na passagem terrena, para dar destino aos chegantes, terá dito: – Bom dia, Fernando. E ouvido, em alto e bom som, a frase título.
Nada pessoal, mas característica do sujeito de bom porte, voz forte, deficiência auditiva levando-o à contra posição de falar alto, e à peculiar saudação com o termo institucionalizado e já não descritivo.
Ex-quase engenheiro carioca, levado a criar gado no interior mineiro, foi generoso, carinhoso, um aglutinador. Há dez anos encerrou a messe pecuária e se assumiu fiscal da natureza em Teófilo Otoni, MG, tão quente quanto o natal Rio de Janeiro, porém sem mar.
Foi-se aos 67 do mal dos Nasser: coração. A 50% dos descendentes de árabes falta uma enzima no fígado, e este, discreto comandante do organismo, excreta poderosas doses de gordura, formando os ateromas, o lixo aderente às paredes das veias e artérias, diminuindo seu diâmetro, atrapalhando a circulação, levando ao entupimento e à interrupção do fluxo sanguíneo, o infarto.
Perdi primo fraterno e atento leitor. Contudo o pessoal do andar de cima estará feliz com o convívio, após o susto da inusitada, sonora e diuturna saudação. (RN)
O novo Cruze
General Motors exibiu substitutos 2019 para os Cruze sedã e hatch, segundo ciclo para o atual modelo, enfatizando alterações em estilo, segurança,
motorização. Para marcar, mudança frontal, para-choques, grupo óptico e grade, com inequívoca mão coreana de estilo. Internamente maior conectividade;
tela com 17,5 cm; Wi-Fi Hot Spot 4G LTE. E confortos eletrônicos de segurança democratizados em carros concorrentes à mesma categoria: alerta de ponto
cego; de trânsito posterior; sistema de parqueamento automático.
Mudanças serão incorporadas aos Cruze montados na Argentina para a modelia do próximo ano. Motorização 1,5 litro, L4, turbo, 140 cv.
Alfa Romeo terá cupê, o Sprint
Renascendo com esportivo 4C, sedã Giulia, utilitário esportivo Stelvio, Alfa Romeo gesta cupê derivado do Giulia. Chamar-se-á Sprint, garante a inglesa Autocar,
como as revolucionárias Giulia e Giulietta aos anos ’50. Mecânica refinada, para combater versões performáticas das marcas Premium: Audi RS5, MercedesBenz
C63 S Coupe, BMW M4 DTM. Missão aos tracionados por motor V6, 2,9 litro, turbos, e 641 cv. Versão econômica será L4, 2,0 litros e 345 cv. A nova
intimidade da Alfa com a Fórmula 1, mesclada com a Sauber, agregará ao Sprint versão do sistema HY-KERS, da Magneti Marelli aplicado ao Ferrari La Ferrari.
É motor elétrico com energia para fortificar a curva de torque do motor a gasolina. Reduz emissões, consumo, aumenta performance.
Roda-a-Roda
Começou – Nissan iniciou produzir pré-série dos picape Nissan Frontier na fábrica Renault de Santa Isabel, Argentina. Terá mais opções ante o modelo trazido
do México.
Caminho – Primeira fornada é para aferir sequência de operações, ajuste de máquinas, afinação de processos, validação de partes vindas de fornecedores.
Tudo entrosado, iniciar-se-á a fabricação. Vendas? Início segundo semestre.
Depois – Após, com meia dúzia de alterações, será vendido pela Renault como Alaskan e, próximo ano, em mudanças maiores, como Mercedes Classe X.
Fora – Surpreendentemente o Grupo Gandini, importador da coreana Geely, com superficial montagem no Uruguai, desistiu da representação. Geely é, dentre as chinesas, das mais promissoras para negócios futuros.
Maior – Direta ou indiretamente está envolvida com Lotus; taxis ingleses; sueca Volvo; malaia Proton, e nova operação Lynk&Co. Seu controlador, poderoso chinês Li Shufu tem, pessoalmente, 9,5% da Mercedes-Benz. É o Mr. China.
Resultado – Sorrisos na FCA com os primeiros três meses na Itália: 28,7% das vendas, liderando segmentos com Fiat X500, Renegade, Compass, Alfa Stelvio; dos mais vendidos, os quatro primeiros e o sexto lugares. Panda é o líder.
Premium – No Brasil Mercedes-Benz fechou primeiro trimestre liderando segmento com 2.551 unidades e 37,8% das vendas. 8% de crescimento em relação a 2017.
Mix – Segredo está no rejuvenescimento da marca e na conformação estética do GLA, segundo mais vendido em 722 unidades. Líder, o Classe C, com 915.
Recomeço – JAC lançará 2ª feira opção do utilitário esportivo T40, hoje o mais vendido de sua linha: transmissão CVT fazendo as vezes de automática.
Curiosidade – Issao Misogushi, presidente da Honda, com primeira unidade do importado Civic Cupê S.I. Curiosidades: não requisitou, mas comprou, e não o fez à fábrica com desconto, mas em concessionário, e a preço de tabela. Vida de cliente, recebeu telefonema para retirá-lo e não estava pronto.
Negócio – Volkswagen vendendo up! tsi, o turbo, com desconto de R$ 4 mil e financiamento dito como sem juros.
Marco – MAN festeja 25 anos de produção do Volksbus e seus bons resultados de vendas, exportações e montagem em outros países. Não registrou a curiosidade de ter nascido como ônibus Ford, ficando com o produto quando da separação entre VW e Ford, unidas como Autolatina para tentar se salvar.
De novo – A boa fórmula do taxi inglês, ameaçado de findar-se pelas exigências de emissões e a crescente proibição de circular em Londres, motivou a London Electric Vehicle a projetar novo modelo. Elétrico, baixo peso na carrroceria, obtido com alumínio fornecido pela laminadora Novelli, para reduzir peso e aumentar autonomia.
[su_divider]
José Roberto Nasser, carioca de nascimento e brasiliense por convicção, é um dos mais antigos jornalistas do setor automotivo brasileiro. Advogado, é também um apaixonado por carros antigos, motivo que o levou a fundar o Museu Nacional do Automóvel, em Brasília, onde preserva a história da indústria automobilística brasileira. Com um texto peculiar e muita informação, principalmente dos bastidores, a Coluna do Nasser, semanal, é leitura obrigatória para saber o que se passa dentro desse importante setor da nossa indústria.
[su_divider]