A recente onda de tarifas comerciais e os resultados financeiros em queda colocaram o grupo Stellantis em uma posição delicada, especialmente em relação às suas marcas italianas de luxo. O conglomerado automotivo contratou a consultoria McKinsey & Company para avaliar o futuro da Alfa Romeo e da Maserati, incluindo possibilidades que vão desde parcerias estratégicas até a venda total das marcas históricas.
Queda nas Vendas Pressiona Marcas Italianas
O cenário para as tradicionais marcas italianas tem se mostrado cada vez mais desafiador. Em 2024, a Alfa Romeo comercializou apenas 8.865 veículos nos Estados Unidos, representando uma queda de 19% em relação ao ano anterior. A situação é ainda mais crítica para a Maserati, que vendeu um total de 11.300 unidades globalmente, com apenas 4.819 veículos destinados ao mercado norte-americano.
A performance decepcionante dessas marcas contribuiu para uma queda expressiva de 70% na receita líquida da Stellantis em 2024, quando comparada ao exercício anterior, resultando em um lucro de “apenas” 5,5 milhões de euros. O desempenho financeiro insatisfatório foi um dos fatores que culminaram na saída abrupta do CEO Carlos Tavares, que havia comandado a fusão entre Fiat Chrysler e PSA Peugeot Citroën em 2021.
Novas Tarifas Aprofundam a Crise
A implementação de tarifas de importação de no mínimo 25% pelo governo dos Estados Unidos sobre veículos estrangeiros agravou significativamente a situação das marcas italianas. Como nenhuma das duas fabricantes possui instalações produtivas em território americano, todos os seus modelos são importados da Itália, tornando-os diretamente afetados pelas novas taxações.
Um porta-voz da Stellantis confirmou à Automotive News Europe que “a McKinsey foi convidada a fornecer suas considerações sobre as tarifas americanas recentemente anunciadas para a Alfa Romeo e a Maserati”, sem entrar em detalhes adicionais sobre as opções que estão sendo analisadas. No entanto, fontes próximas às discussões afirmam que todas as possibilidades estão sendo consideradas, desde reestruturações internas até a completa desvinculação das marcas do grupo.
Alternativas em Análise
As discussões ainda se encontram em estágio inicial, mas informações do setor sugerem que a Stellantis está aberta a diversas possibilidades. Uma das alternativas seria buscar parcerias estratégicas com fabricantes asiáticos, especialmente chineses, que poderiam ajudar a dividir os custos de desenvolvimento e produção, além de facilitar o acesso a novos mercados.
Outra possibilidade, considerada mais drástica, seria a venda total das marcas. Segundo fontes do mercado, há um interesse crescente de investidores chineses em adquirir marcas premium europeias, especialmente em um momento em que suas avaliações estão potencialmente desvalorizadas devido às crises econômicas e às incertezas geopolíticas.
A contratação de uma consultoria de como a McKinsey sugere que a situação é realmente séria e que o grupo busca soluções estratégicas baseadas em análises aprofundadas do mercado e das perspectivas futuras para ambas as marcas.
Planos de Produto em Risco
Enquanto seu futuro corporativo permanece incerto, tanto a Alfa Romeo quanto a Maserati continuam trabalhando em seus planos de produto, ainda que com ajustes significativos.
A Alfa Romeo está desenvolvendo as novas gerações do SUV Stelvio e do sedã Giulia, embora esses modelos possam não chegar ao mercado antes de 2027. Já a Maserati, que havia anunciado planos ambiciosos de eletrificação, recentemente cancelou o desenvolvimento da versão elétrica do superesportivo MC20 devido às incertezas econômicas.
Essas decisões refletem uma realidade mais ampla dentro do grupo Stellantis: a priorização de recursos para as marcas mais lucrativas como Jeep e RAM, enquanto as divisões historicamente deficitárias enfrentam cortes e reavaliações estratégicas.
Impacto das Tarifas no Setor Automotivo
O caso da Stellantis é apenas um exemplo de como as novas políticas tarifárias podem impactar profundamente o setor automotivo global. Analistas alertam que um aumento prolongado de 25% nas tarifas de importação pode causar danos significativos em toda a indústria, especialmente para marcas de nicho que dependem fortemente de exportações.
Mesmo com indicações de que o governo americano possa relaxar algumas tarifas para mercados específicos, focando principalmente nas importações da China, a situação permanece delicada para fabricantes europeus que não possuem presença produtiva nos Estados Unidos.
O destino final de Alfa Romeo e Maserati provavelmente dependerá não apenas das decisões estratégicas da Stellantis, mas também da evolução das políticas comerciais globais nos próximos meses. O que é certo é que estas marcas históricas italianas enfrentam um dos períodos mais desafiadores de sua existência.
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