Conheça o Scooter Honda SH 150i – a cara do Brasil

Conheça o Scooter Honda SH 150i – a cara do Brasil
A SH 150i combina com skate e com o cenário carioca

 

Nas ruas do Rio

O cenário não poderia ser mais adequado para o primeiro teste: as ruas e avenidas do Rio de Janeiro, com direito a subida – e descida – de uma bela e sinuosa estrada dentro da floresta da Tijuca. Tive a chance de pilotar o Honda SH 150i no trânsito pesado (cada vez mais), nas avenidas com alto limite de velocidade e nas curvinhas da estrada da Tijuca. E lembrei demais da minha viagem pela Costa Amalfitana, na Itália, quando aluguei um Honda SH 125.

Primeiro, vale uma explicação: este tipo de scooter com rodas grandes (16 polegadas) e fundo reto são mais chamados de motonetas e lembram as cubs dos anos 70. Na Itália, terra dos scooters, o SH 125 é o modelo mais vendido desde o lançamento e, também, recebeu a versão 150, que já figura entre os primeiros do país.

Este novo scooter traz uma série de novidades, como a chave keyless, que pode ficar no bolso para ligar o scooter, ou os faróis full led. E herdou outros detalhes como sistema idling stop, que desliga o motor quando fica mais de 3 segundos imobilizado. Também tem uma prática tomada 12V para carregar os gadgets, mas não é USB; precisa de um adaptador. Hoje em dia seria mais adequado uma tomada dupla, com saída USB.

Para responder a uma das perguntas mais ouvidas sobre o novo SH 150i “é melhor que o PCX?”, a Honda foi esperta e colocou os jornalistas para rodar primeiro no PCX, que, numa analogia bíblica, doou uma costela (no caso o motor) para dar vida ao SH. Foi bom para quem nunca tinha pilotado esse modelo, menos pra mim, porque tenho um PCX que uso todos os dias e rodei uns 350 km de SH 125 na Itália. Portanto, já conhecia bem os produtos, só precisava conferir essa versão bem mais moderna com motor 150 injetado.

A primeira boa impressão fica por conta do estilo. Este tipo de scooter de fundo plano e rodas 16 polegadas dominam a cena urbana nas cidades europeias. Em um estacionamento público de Ravello, encontrei um mar de scooters, praticamente 100% deles nesta configuração.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Os scooters baixos (chamados de “jets” por lembrar um jet-ski) praticamente desapareceram das ruas ou se limitam aos com motores dois tempos de 50 cm3 de cilindrada.

Essa preferência pelas motonetas se deve principalmente ao porte maior, que transmite mais segurança, e ao conjunto de rodas e pneus que se aproxima mais ao das motos. A posição de pilotagem deixa as pernas menos dobradas e o corpo mais ereto. Passa, realmente, a sensação de estar pilotando uma moto automática.

Durante o trecho urbano do (caótico) trânsito do Rio, pude confirmar a postura mais adequada e cheguei mesmo a achar o banco um pouco alto e largo. A altura do banco ao solo é de 799 mm, contra 761 mm da PCX. A altura total da SH 150 é de 1.158 mm enquanto a da PCX é de 1.103 mm. Portanto, nem é tão alta, mas como o banco é mais largo, tem-se a impressão de ser bem mais alta.

Este slideshow necessita de JavaScript.

O painel é bem completo, inclusive com um display que indica o consumo instantâneo (como na PCX). Não gosto muito de fazer teste de consumo por julgar que é necessário ter equipamentos adequados, mas só por curiosidade, durante o rolê no Rio, o consumo médio indicado foi de 43,7 km/litro. Nada impossível e se aproxima ao da PCX no uso urbano. Com um tanque de 7,5 litros é prevista uma autonomia média de 300 km.

Ao pegarmos a via expressa Infante Dom Henrique, no aterro do Flamengo, com um limite de velocidade de 90 km/h, consegui acelerar com vontade e perceber que, em termos de rendimento, é bem semelhante mesmo ao PCX. Claro que os PCX que usamos estavam já bem mais amaciados e “soltos”, mas, como os roletes da transmissão do SH 150 estavam novinhos, ele pareceu ter uma arrancada mais vigorosa. Mas nem importa, porque os veículos tinham quilometragens bem diferentes e nem se pode comparar. O SH é um pouco mais pesado (129 kg contra 125 kg da PCX), valor até desprezível no rendimento.

O que importa é a postura do piloto mais alta e ereta no SH 150 realmente transmitir uma sensação de empoderamento (palavra bem da moda), semelhante ao que provocam os carros mais altos.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Longe de ser impressão, mas fato é a sensação de estabilidade proporcionada pelas rodas de 16 polegadas. Lembre-se que, quanto maior for o perímetro de um círculo, maior é o efeito giroscópico e isso é simples Física aplicada. Por isso, ele efetivamente é mais estável tanto nas curvas, quando nos buracos. Os pneus são 100/80-16 na frente e 120/80-16 na traseira, mais largos que os da PCX (90/90-14 e 100/90-14).

A suspensão também se aproxima mais às das motos, com garfo telescópico na dianteira (curso de 100 mm) e amortecedores reguláveis na carga da mola na traseira (95 mm de curso). Rodei com os amortecedores traseiros na regulagem mais “macia” o tempo todo e para os meus 72 quilos absorveu bem o terreno, buracos e lombadas (a título de informação, as ruas do Rio estão bem mais lisas do que as esburacadas paulistanas). Para usar uma imagem mais cotidiana, o SH “pula” bem menos que o PCX.

 

Amalfi é aqui

Quando viajei de SH 125 pela costa Amalfitana, na Itália, encarei estradas sinuosas, com mais curvas que um intestino delgado e subidas íngremes. Tudo com a mulher na garupa. Já tinha achado a motoquinha bem valente, mas era bem rodada (a moto, por favor!) e o freio traseiro era horrível (a tambor). Nosso teste no Rio pegou uma estradinha muito parecida, com curvas em subida. Ainda bem que a Honda optou pelo motor 150 no Brasil (na Itália existe a versão 125 até hoje), com freios a disco e sistema ABS, porque me senti bem mais seguro, mesmo acelerando mais e deitando mais nas curvas. Já posso imaginar alguma agência alugando estes scooters para turistas.

Só achei os freios um pouco exagerados, quase nem precisa usar o freio dianteiro, só mesmo para frear com vontade! A maior parte do tempo usei apenas o freio traseiro que segurou bem a onda em ritmo civilizado.
Alguns detalhes farão diferença na hora de escolher um SH 150i, como as luzes “full leds”, que dão um aspecto bem sofisticado, chegando mesmo a confundir com a irmã maior SH 300i. E o muito bem dimensionado e projetado bagageiro, que já vem pronto para receber o “bauleto”. Sem exagero, quase 90% dos scooters que se vê rodando nas ruas da Europa tem o bauleto fixado no bagageiro. Alguns são até item de série. Porque o porta objetos sob o banco cabe apenas um capacete e olha lá. Eu aproveitei o bagageiro para levar meu skate mini-cruiser para um rolêzinho na Vista Chinesa.

Nosso colunista tirando onda de skatista

 

Diria que os dois modelos conviverão pacificamente, sendo que o PCX deverá atrair quem já teve ou ainda tem moto e o SH deverá ser a opção de iniciantes que não aguentam mais rodar de carro no trânsito carregado. Por ter o fundo plano, facilita a pilotagem por mulheres que precisam usar roupas sociais. É possível pilotar de tailleur sem dificuldade (esse teste não fiz, mas imaginei).

Outro fator que pode pesar na decisão é o preço: R$ 12.450* contra R$ 10.500* da PCX, mas acredito que, passada a euforia do lançamento, essa diferença diminua. Sim, está rolando algum ágio desse modelo porque a procura foi maior do que o esperado e algumas concessionárias ficaram sem estoque. Mas, bata o pé e exija o valor de tabela porque o mercado está totalmente favorável para os compradores.

Para justificar o preço maior em relação ao PCX, o SH 150 tem alguns itens de luxo como a chave com sensor de presença. Basta coloca-la no bolso e se aproximar que o scooter fica ativado. Ah, não vem uma chave reserva, portanto não perca porque custa caro pra caramba! Mas, caso perca, existe uma forma de ligar sem o sensor de presença, só que não vou contar para que os manos também leiam o meu blog!

 

Tite Simões – jornalista e instrutor de pilotagem do curso ABTRANS de Pilotagem.

Contato: info@abtrans.com.br

 

Fotos: Caio Mattos / divulgação

 

[su_divider]

Honda SH 150i – Ficha técnica

MOTOR
Tipo: OHC (Over Head Camshaft), monocilíndrico, 4 tempos, arrefecimento líquido
Cilindrada 149,3 cm3
Diâmetro x Curso: 57,3 X 57,9 mm
Potência máxima: 14,7 cv a 7.750 rpm
Torque máximo: 1,40 kgfm a 6.250 rpm
Sistema de alimentação: Injeção eletrônica de combustível PGM-FI
Sistema de lubrificação: Forçada por bomba trocoidal
Relação de compressão: 10,6 : 1
Óleo do motor: 0,9 litros (0,8 litros para troca)
Tanque de combustível: 7,5 litros
Transmissão: Tipo CVT
Embreagem: Embreagem automática centrífuga (tipo seco)
Sistema de partida: Elétrica
Combustível: Gasolina

SISTEMA ELÉTRICO
Ignição: Eletrônica
Bateria: 12V – 5 Ah
Farol: LED

CHASSI
Tipo: Monobloco (Underbone)
Suspensão dianteira / curso: Garfo Telescópico / 100 mm
Suspensão traseira / curso: Dois amortecedores / 95 mm
Freio dianteiro / Diâmetro: Disco com 240 mm (ABS)
Freio traseiro / Diâmetro: Disco com 240 mm (ABS)
Pneu dianteiro: 100/80 16M/C 50P
Pneu traseiro: 120/80R 16M/C 60P

DIMENSÕES
Comprimento x largura x altura: 2.026 mm x 740 mm x 1.158 mm
Distância entre eixos: 1.340 mm
Distância mínima do solo: 146 mm
Altura do assento: 799 mm
Peso a seco: 129 kg

Preço público em SP, sem frete e sem seguro. Pode variar conforme a região.

 

 

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi

Emilio Camanzi  é um jornalista experiente e formador de opinião, com mais de 56 anos de trabalho dedicados a área automobilística. Seu trabalho sempre foi norteado pela busca da seriedade e credibilidade da informação. Constrói suas matérias de forma técnica, imparcial e independente, com uma linguagem de fácil compreensão. https://www.instagram.com/emiliocamanzi/ 🙋 PARCERIAS: comercial@carroscomcamanzi.com.br