Como e porque os SUVs vendem cada vez mais?

O crescimento da preferência dos SUVs (Sport Utility Vehicles, ou Veículos Utilitários Esportivos em nossa língua) é uma clara demonstração do gosto dos brasileiros pelos carros utilitários e esses tais carros passaram a ser o sonho de consumo da nossa classe média a partir de meados da década de 90. Com o tempo, não foi difícil perceber que esse segmento era o futuro e as fabricantes correram para também ter seu representante e surfar nessa onda. No Brasil, a história dos tais SUVs começou com a abertura das importações, em 1990, onde os desajeitados Jeep Cherokee, Nissan Pathfinder, Ford Explorer, Mitsubishi Pajero e afins marcavam presença onde quer que fossem. Mas eles se popularizaram por completo após o lançamento do Ford EcoSport em 2003, modelo que foi o primeiro SUV compacto fabricado no Brasil e responsável por tornar esse tipo de carro acessível para o grande público.

Jeep Cherokee
Ford Ecosport

 

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Hoje eles existem em vários tamanhos (pequeno, médio e grande) e variações (cupê, duas portas, e até conversível), e são sucesso em praticamente todo o mundo, inclusive nosso país: o médio Jeep Compass, por exemplo, foi lançado por aqui no final de 2016 e bateu recentemente a marca de 200.000 unidades vendidas, somente em nosso mercado. Numa continha rápida, são aproximadamente 4 mil unidades vendidas todos os meses desde seu lançamento e, considerando que estamos falando de um carro com preço médio de R$150 mil, prova-se a força dessa categoria no Brasil. Além do Jeep, lembramos também do VW T-Cross, que foi simplesmente o automóvel mais vendido do mercado brasileiro em julho, acumulando 10.211 unidades comercializadas e passando os números de qualquer compacto popular.

 

 

Agora vem a pergunta: por que tanto sucesso desses carros no Brasil? Além do porte avantajado, o que se reflete diretamente no espaço interno, e da posição de dirigir mais altinha, a maioria oferece um bom “conjunto da obra” (motores modernos, transmissões automáticas com várias marchas, suspensões confortáveis, acabamento refinado, além, obviamente, de muita parafernália eletrônica, como adora o consumidor moderno). Fora isso, eles também acabam conquistando o público no fator de compra principal: o design, que costuma ser equilibrado, estiloso e ainda transmitir um tanto de robustez. Basicamente, entre um bom sedan e um utilitário, ambos igualmente equipados e tecnológicos, por exemplo, a preferência recai quase totalmente sobre o SUV, o que justifica esse segmento ser atualmente o segundo mais vendido do nosso país, além de já ter canibalizado várias outras categorias, como as peruas, minivans, hatches médios e, de pouco em pouco, até mesmo os próprios sedans.

Mas os SUVs continuam se reproduzindo e, como lançamentos somente da última quinzena, temos o Territory, da Ford, que chega importado da China com motor 1.5 turbo de 150 cv e 23 mkgf de torque, câmbio automático CVT que simula 8 marchas e tendo como destaque o ótimo espaço interno (garantido pelos 2,71 m de entre eixos e 1,93 m de largura). Além dele, a CAOA-Chery também lançou o Tiggo 8, grandalhão de 7 lugares, fabricado no Brasil, equipado com motor 1.6 também turbinado que rende 187 cv e 28 mkgf de torque, transmissão automática dupla embreagem de 7 velocidades e preço bastante agressivo. Ambos têm a receita de sucesso para abocanhar um pedacinho desse mercado: conforto, espaço interno de sobra, mecânica moderna, bastante tecnologia e lista de equipamentos de série generosa.

 

Com tudo isso, creio que deu pra perceber o porquê da preferência do consumidor, não só brasileiro como mundial, pelos utilitários esportivos. No Brasil, eles chegaram importados, grandes e bastante caros lá nos anos 90, mas com o tempo foram civilizados o suficiente para terem os mesmos atributos de hatches ou sedans de sucesso, unindo tudo que o consumidor quer em um único produto. Dizer que os SUVs são o futuro do automóvel? Mais que isso, eles já são o presente…

 


 

Fotos: divulgação

 


 

 

 

Douglas Mendonça é jornalista na área automobilística há 46 anos.

Trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e foi diretor de redação da revista Motor Show até 2016. Formado em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Engenharia Paulista (IEP).

Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e a Mil Quilômetros de Brasília em 2004.

 

 

 


 

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