Uma das atrações do Salão de Paris foi a nova geração do Mercedes-Benz Classe B. A terceira renovação do monovolume alemão reafirma que o segmento segue firme e forte no mercado europeu. Trata-se de um cenário bem diferente do que vivenciamos por aqui, onde há uma dinastia de que apenas utilitários-esportivos (SUV) têm vez.
O novo Classe B estreia com as mesmas qualificações de seus demais irmãos da estrela de três pontas. E apesar de suas formas menos arrojadas que dos esportivos da marca, ele oferece motorização eficiente e um pacote de conteúdos que não fazem feio diante do aristocrático Classe S.
Itens como quadro de instrumentos digital fundido ao monitor do sistema multimídia, bancos com ajustes elétrico, sistema de refrigeração por zonas, assistentes de condução com tecnologia Distronic, semelhante ao irmão topo de linha, que é capaz de executar manobras evasivas e um padrão de acabamento que é inerente a estrela estampada no radiador.
Tudo isso prova que o segmento de monovolumes vai bem obrigado por lá. Afinal, se não existisse demanda, certamente seu desenvolvimento não valeria o investimento milionário. Suas vendas começam já em dezembro, e as entregas em fevereiro. Por aqui, ele deve fazer sua estreia até o segundo semestre de 2019. Mas virá para compor linha e não para ser carro chefe.
Isso porque a MB tem uma estratégia diferente para o Brasil. Para ela vale é vender modelos como o jipinho GLA e Classe C, que são montados no interior de São Paulo. Mas por quê o Classe B não seria um boa opção para a planta de Iracemápolis?
A começar pelo fato de monovulmes terem desaparecido do Brasil. Os únicos que sobrevivem por aqui são Honda Fit e Chevrolet Spin, que têm apelos funcionais. Quem busca um Mercedes geralmente quer reafirmar seu status no meio social. Para isso um Classe C ou GLA são mais eficiente.
Pessoalmente acho o Classe B um carro formidável. Perfeito para levar minha família com conforto e segurança, com boa oferta de espaço, muito tecnologia e segurança embarcada. Mas convenhamos que o bonitão de terno prefere chegar no restaurante com um sedã e não num modelo familiar que cheira a mamadeiras.
É uma pena, mas os minivans foram afetados pelo pensamento raso, o senso comum que condena ou coroa um segmento. Há 30 anos carros quatro portas era vistos como desdém. Eram taxados de taxis. Há quarenta, a pintura metálica não prestava. Hoje bom é andar de SUV, mesmo que seja uma minivan com suspensão elevada e um monte de plásticos em sua volta.
E vida que segue!
Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).