Em um cenário de crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos e a União Europeia, a China sinalizou que está pronta para impor tarifas de até 25% sobre carros importados. A medida surge como uma ameaça de retaliação, especialmente diante da iminente conclusão do aumento das tarifas sobre os carros elétricos chineses, recentemente anunciado pelos americanos, e da investigação da UE sobre os subsídios chineses para veículos elétricos (VE).
Escalada das tensões comerciais
O governo Biden anunciou, no início de maio, tarifas de 100% sobre os carros elétricos chineses, aumentando o temor de uma guerra comercial em grande escala. Já a UE afirmou estar investigando os subsídios de Pequim em diversos setores, o que levou as empresas chinesas a se retirarem das licitações de ferrovias e energia.
Prazo para decisão da UE se aproxima
Para complicar ainda mais o cenário, de acordo com informações da Bloomberg, a União Europeia deve informar aos exportadores chineses, até o início de junho, se pretende impor tarifas sobre os veículos elétricos do país asiático. Caso a decisão seja positiva, as tarifas podem entrar em vigor um mês depois.
Impacto nas montadoras e outros setores
A China importou 250.000 carros em 2023 dos modelos que poderiam sofrer sobretaxas. As regras da Organização Mundial do Comércio permitiriam uma tarifa de até 25%, o que Pequim pretende aplicar. Atualmente, a tarifa sobre as importações de carros de passeio da Europa é de 15%, segundo o Ministério do Comércio chinês.
As montadoras mais afetadas seriam Toyota (que tem sua matriz na Grã-Bretanha), Mercedes-Benz e BMW, de acordo com Daniel Kollar, chefe da prática automotiva e de mobilidade da consultoria Intralink. Em relação aos carros japoneses, como a Lexus da Toyota, seriam afetados apenas se a China impusesse tarifas sobre as importações de todos os países, em vez de visar somente EUA ou UE.
Foco nos veículos elétricos
Em meio à preocupação global com o aumento das exportações da China, o setor de veículos eletrificados está atraindo uma atenção especial. A China é líder na produção de carros elétricos e controla a maior parte da cadeia de suprimentos de baterias. Com uma guerra de preços e uma economia em desaceleração no país, seus fabricantes de automóveis buscam expandir-se no exterior. Em 2023, eles exportaram 1,55 milhão de VEs, sendo cerca de 40% para a Europa.
As crescentes tensões comerciais entre a China, os Estados Unidos e a União Europeia têm o potencial de afetar significativamente a indústria automotiva global, especialmente o setor de veículos elétricos, que se encontra em rápida expansão.
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