Carro híbrido e suas variedades: EREV, HEV, MHEV e PHEV

Golf GTe Hybrid - divulgação VW

Já falei em outra matéria, no Brasil, ainda é mais indicado ter um carro híbrido já que a estrutura para recarga dos elétricos, apesar de estar crescendo e muito nos últimos tempos, ainda tem muito o que caminhar. E, no carro elétrico, se acabar a bateria durante o uso, a situação fica complicada. Não é como um flex ou diesel que, nas emergências, é possível correr com um galão até o posto mais próximo e voltar para abastecê-lo.

Por essas e outras que os carros de propulsão mista, meio do caminho entre combustão e eletricidade, devem ser olhados com mais carinho pelo brasileiro. Mas, diferentemente dos elétricos, por exemplo, os híbridos tem variações dentro de um mesmo nicho: existem os HEV, MHEV, PHEV, e até aqueles que contam com pequenos motores a combustão (geralmente à gasolina) apenas com a função de recarregar as baterias. Nesses casos, o manda-chuva é o propulsor elétrico, que move o carro todo o tempo.

O primeiro contato que tive com um carro híbrido foi ainda em meados dos anos 90, com o pioneiro Toyota Prius, na época ainda um pequeno sedan que mesclava eletricidade com um compacto 1.5 a gasolina que funcionava no ciclo Atkinson, fora a transmissão continuamente variável que geria a força para as rodas dianteiras. Não era nenhum primor de desempenho, como a Toyota mantém na cartilha do modelo até hoje, mas tinha a tremenda economia de combustível e baixíssimos níveis de emissão de gases poluentes (danosos à atmosfera) como virtudes.

Prius 1998 - divulgação Toyota
Prius 1998 raio X - divulgação Toyota

Na época, que sequer tínhamos carros flex e até tecnologias como injeção eletrônica de combustível eram recém-chegadas ao Brasil, fiquei surpreso como a engenharia japonesa tinha feito um trabalho interessante naquele simpático carrinho, inclusive indicando ao motorista, durante o uso, o que acontecia no sistema misto: hora a carga saía dos motores para as rodas, hora o motor a combustão recarregava as baterias, hora mantinha-se apenas a propulsão elétrica…enfim, algo que atraiu minha atenção na época.

Hoje são poucas as marcas que não oferecem um carro híbrido, seja no mercado nacional ou não. E as que não tem híbrido, já pularam direto para os 100% elétricos. Melhores conjuntos de motores (tanto a combustão quanto a eletricidade), conjuntos de baterias mais eficientes e compactos, transmissões cada vez mais adequadas e, claro, a eletrônica que agiliza todo esse processo, fazem com que os modelos de propulsão mista sejam ótimas pedidas, apesar do preço.

 

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Existem diferentes “espécies” de carros híbrido, todos com o mesmo conceito (powertrain misto), mas diferentes na forma de execução da mistura combustão e eletricidade, além de poderem ser diferentes também na forma de recarga das baterias.

Os mais comuns, e originais, que repetem a tecnologia do Prius, são os HEV (Hybrid Electric Vehicle, ou Veículo Elétrico Híbrido). Esses não tem a opção de recarga externa por cabos ou eletropostos: geram a própria carga das baterias através do motor a combustão, ou por regeneração de energia em frenagens, por exemplo. Quase a totalidade dos HEV mesclam de forma inteligente o uso dos dois motores: na cidade, situação onde a velocidade é baixa, rodam como um elétrico puro, sem fazer barulho ou emitir poluentes, com a força motriz elétrica.

Quando exigida máxima potência, em uso rodoviário, ou no caso das baterias se esvaziarem, por exemplo, entra em cena o motor a combustão para entregar a máxima força do carro e recarregá-lo. A Toyota explora bem essa tecnologia por aqui com os Corolla Hybrid e Corolla Cross Hybrid, e também a Ford oferecia o Fusion Hybrid.

Fusion Hybrid - divulgação Ford
Golf GTe Hybrid - divulgação VW
H6 HEV - divulgacao Haval

Dentro dos HEV existem os MHEV (Mild Hybrid Electric Vehicle, ou Veículo Elétrico Híbrido Suave), que tem o mesmo princípio de funcionamento, porém não tem força suficiente para se locomoverem só no modo elétrico. Seus pequenos motores são tecnológicas uniões do motor de arranque com o alternador. A Mercedes batiza essa tecnologia de EQ Boost, mas ela também está, por exemplo, na Audi, com os A3, A4 e A5 2023. Esses, basicamente, são apenas auxílios elétricos ao propulsor a combustão, reduzindo consumo de combustível e emissões.

Já os PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle, ou Veículo Elétrico Híbrido Plugável) são os HEV que permitem a recarga das baterias em fontes externas de energia, através de cabos. Ou seja, para quem não quiser esperar a recarga durante a condução, eles adiantam o processo através de uma fonte de energia externa. Alguns PHEV já podem rodar quase 100 km sem gastar uma gota sequer de combustível! A Volvo é uma marca que aposta firmemente neles, e até a Mitsubishi já chegou a vender seu SUV médio Outlander híbrido plugável por aqui.

Outlander PHEV - divulgacao Mitsubishi
Prius PHEV - divulgação Toyota
XC90 PHEV - divulgação Volvo

Menos conhecidos, principalmente no Brasil, os EREV (Extended Range Electric Vehicle, ou Veículo Elétrico de Alcance Estendido), são os híbridos mais “diferentões”, já que são elétricos todo o tempo, mas trazem um motor a combustão que gera energia para as baterias. Para alguns, inclusive, eles são considerados puramente elétrico, e não híbridos: são 100% elétricos com alcance aumentado graças a combustão, que recarrega as baterias em emergências. E, claro, os EREV são plugáveis, ou seja, recarregam na energia externa.

Um dos poucos carros deste tipo que esteve em terras tupiniquins foi o BMW i3. Como curiosidade, as locomotivas a diesel usam um sistema semelhante, ou seja, o enorme motor diesel aciona um gerador que fornece corrente elétrica para os motores elétricos em cada roda.

i3 raio X – divulgação BMW

Graças as tecnologias e engenharias mundiais cada vez mais preparadas, a propulsão vai ganhando mais e mais opções. Seja a combustão, híbridos, elétricos ou movidos de outras formas, os carros evoluem rapidamente. Ainda acredito que, para nós, a eletrificação da frota automotiva deverá necessariamente passar pelo híbrido, pelo menos até termos uma rede de energia elétrica do país que suporte milhares de veículos recarregando simultaneamente.

Tenham a certeza, entretanto, que a tecnologia híbrida é uma saída bem interessante para a realidade brasileira de hoje, e deverá ser nossa solução a curto e médio prazo para esse assunto.

 

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