Vocês pediram e o Dolphin EV veio pro nosso teste! O elétrico da BYD chegou causando rebuliço por causa do preço e fez concorrentes repensarem seus posicionamentos. Mas será que tem outros motivos pra esse agito todo? Bora descobrir.
Bom, é preciso explicar que o Dolphin EV é um hatch compacto, como um Chevrolet Onix e, quando chegou em junho, seu preço de 149.800 reais era o mesmo do Caoa Chery iCar, um elétrico menor do que um Kwid.
É bem mais barato que seus concorrentes de segmento, como o Renault Zoe e o Peugeot e-2008. Ou seja, um preço mais democrático para um elétrico de bom tamanho em nosso mercado.
E o rebuliço foi porque algumas fábricas baixaram bem os preços dos elétricos para não ver seus produtos encalhados nas concessionárias. Bom, não é?
O interessante é que, pra mexer ainda mais com o mercado, o preço de lançamento continuou igual em agosto, porém com entregas previstas para fim de setembro.
Agora, vamos começar pelo visual.
Com um design chamado de “ocean” e inspirado nos animais marinhos e ondas do mar, ganhou o nome de Dolphin, Golfinho em inglês. Na frente um DRL que envolve a falsa grade e os faróis Full LED, lhe dão identidade. De lado, o perfil quase o transforma em um monovolume, além dos vincos e belas rodas em liga leve, aro 16, que chamam a atenção. Os pneus são 195/60 R16. Na traseira, são as lanternas em LED com filetes que se cruzam e se ligam de um lado a outro. Um design pra mim um tanto exótico, mas que agrada e o diferencia na multidão.
Interior
No interior, o espírito é o mesmo, tanto no design do painel, lateral das portas e bancos. Tem muito plástico rígido, de boa qualidade. Mas também agrada com muitas superfícies macias ao toque no painel, laterais, braços das portas e console. O Dolphin tem três estilos, entre cores e texturas internas. Este do teste tem a pintura chamada de Dolphin Grey e interior Mark Orange. Uma mais descolada ainda é a Afterglow Pink, com interior Angel Pink e, a mais discreta, a Cheese Yellow com interior Boba Brown. Um tanto chinês demais pro meu gosto. E se ele vem com uns mimos legais, tem também algumas mancadinhas. Olha só!
Uma enorme multimidia de 12,8 polegadas, que gira, é o show. Mas só espelha celular por cabo e destoa do pequeno quadro de instrumentos, de apenas 5 polegadas e com caracteres minúsculos difíceis de ler dirigindo. O volante multifuncional tem um ótimo tamanho. Mas só tem regulagem de altura. Tem freio de estacionamento eletrônico e câmera 360 graus com imagens em alta definição, mas o retrovisor interno é manual. Tem sensor crepuscular, mas não tem o de chuva. O ar-condicionado é digital automático, mas não tem saídas atrás. Tem chave presencial e partida por botão, mas não tem lavador e limpador do vidro traseiro.
Agora, quando o assunto é espaço interno, não dá pra reclamar. Na frente, é muito bom, mas atrás surpreende por ser um hatch compacto. O piso é plano e, além de bom espaço para as pernas, cabem três adultos numa boa. Só o ressalto no encosto e assento é que incomodam quem vai ao meio. Porém, o porta-malas é pequeno. Só 250 litros de capacidade.
Só que pelo que falam de tecnologia dele, eu esperava mais em segurança. Tudo bem, tem seis airbags, com os de cortina para os passageiros da frente e atrás; controles de tração e estabilidade; auxiliar de partida em rampa e eficientes freios a disco nas 4 rodas. Porém, acho que não seria demais se tivesse sensor de ponto cego e alerta de colisão com frenagem autônoma.
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Agora vamos ao que todo mundo quer saber: mecânica, como anda e quanto gasta.
O Dolphin EV é equipado com um motor elétrico colocado na frente de 95 cavalos e 18,3 kgfm de torque.
A tração é dianteira e a transmissão conta com uma marcha a frente, neutro, uma marcha a ré e a posição Park e tem o comando em um botão giratório no painel, de fácil acesso e operação. A alimentação é feita por uma bateria de 44,9 kwh, que tem uma garantia de 8 anos ou 200 mil quilômetros. Sua autonomia pelos dados do Inmetro é de 291 quilômetros.
Bateria tipo Blade
Capacidade 44,9 kWh
Garantia: 8 anos ou 200 mil km
Autonomia (dados Inmetro): 291 km
Mas ao recarregar a bateria em 100%, a autonomia que aparece no painel é acima dos 400 quilômetros. E que você pode administrar já que, ao tirar o pé do acelerador, o motor vira gerador e passa a recarregar a bateria, em dois modos, padrão e alto. E os freios também são regenerativos. Acionados ajudam a recarregar. Em ponto de alta potência de corrente contínua, a recarga de 30 a 80% da capacidade da bateria, segundo a BYD, é de 30 minutos.
Tempo de recarga em ponto de alta potência DC
De 30 a 80% em 30 minutos
Mas ele pode ser recarregado também em tomadas comuns de três pinos, aterradas, de 110 ou 220 volts com o cabo que vem com ele. Na tomada 220 da minha garagem, para carregar de 50 a 100% levou menos de 8 horas. Ou seja, se você chega em casa no fim da tarde com 30% de carga, é só ligar na tomada 220 que de manhã você vai estar com a bateria cheia.
Mas e como anda?
Pesando apenas 1.405 quilos, graças à bateria tipo Blade que é leve, o desempenho é bom. Faz de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos e chega aos 160 km/h com corte eletrônico para não esvaziar a bateria rapidamente.
Desempenho
0 a 100 km/h 10,9 s
Vel. máxima 160 km/h
(corte eletrônico).
Tem ainda três modos de condução. O ECO, que é o normal, o Sport, quando tem respostas rápidas e o máximo de desempenho, e o escorregadio, quando o torque é entregue de forma suave para evitar que as rodas patinem em pisos com pouca aderência.
Uma coisa que me surpreendeu foi o consumo.
Ele, por enquanto, é o mais econômico dos elétricos que testamos. Melhor que o pequeno Renault Kwid E-Tech que, em nosso circuito cidade/estrada, teve um consumo médio de 0,125 kWh por quilômetro. O Dolphin, no mesmo circuito, chegou a 0,108 kWh por quilometro.
Consumo médio kWh/km (nosso circuito cidade/estrada)
Dolphin EV 0,108 kWh/km
Kwid E-Tech 0,125 kWh/km
Levando em conta o preço atual do kWh em Belo Horizonte de 0,959 centavos, o custo por quilômetro do Dolphin com essa média foi de apenas 11 centavos por quilômetro.
kWh R$ 0,959
Custo por km rodado R$ 0,11
Bom né? Mas tem mais.
Ao dirigir, a sensação que se tem é de estar guiando um monovolume, pois não dá pra ver o cofre do motor. Na cidade é ágil, com respostas rápidas. Na estrada acompanha o fluxo numa boa. Outra coisa legal ao andar com ele é o silencio. Mesmo em pisos ruins. A suspensão, de arquitetura convencional, ou seja, independente na frente tipo McPherson e de eixo de torção atrás, é meio rígida. Mas copia bem as imperfeições e não transmite barulhos, tornando o rodar agradável. Além de passar uma boa sensação de robustez. A estabilidade, por cauda da bateria no assoalho, também é boa, com uma leve tendência a sair de frente no limite. Típico de carros com tração dianteira. Mas tudo muito controlável, graças também à boa e precisa direção elétrica. Que além do volante de pequeno diâmetro, a direção tem dois modos, conforto e esporte que fica mais firme e incrementa o prazer ao dirigir.
Enfim, pesando prós e contras, o Dolphin EV surpreende não só pelo preço, mas também pelo seu comportamento, conforto ao rodar e baixo custo de operação.
Dolphin EV R$ 149.800 (agosto 2023)
A garantia é de 5 anos do carro e 8 da bateria, ou 200 mil quilômetros rodados em ambos.
E, apesar de ainda não termos uma infraestrutura ideal para recarga, pela boa relação custo-benefício, se tornou um sério concorrente para carros compactos convencionais do mesmo preço em nosso mercado. Um abraço e até a próxima.
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Notas do Emilio
Desempenho 7
Consumo 10
Segurança 8
Estabilidade 8
Acabamento 8
Espaço interno 9
Porta-malas 6
Custo-benefício 8
Ficha Técnica e Lista de Equipamentos do Dolphin EV 2024: