As picapes cascudas do Tio Sam

Os primeiros veículos utilitários foram desenvolvidos para transpor terrenos acidentados, intransponíveis por automóveis citadinos. O projeto GP, desenvolvido pela Willys Overland para as Forças Armadas norte-americanas, na Segunda-Guerra, foi um dos avós dos utilitários-esportivos (SUV’s) que temos hoje e que fazem de tudo, menos cair na lama. Por outro lado, um nicho que vem ganhando corpo, pelo menos nos Estados Unidos, é o das picapes off-road.

A maioria das picapes atuais conta com versões que oferecem recursos para uso fora de estrada, como tração 4×4, bloqueio de diferencial, seletor de tipo de terreno, auxílio eletrônico para subida e descida de ladeiras e demais benfeitorias que evitam que o motorista e passageiros passem aperto quando a estrada acaba. No entanto, tudo isso tem se mostrado insuficiente na terra do Tio Sam.

Uma das picapes mais populares para uso off-road é a Ford F150 Raptor. A grandalhona foi desenvolvida para oferecer alta performance e encarar qualquer tipo de terreno sem pestanejar. Ela é imbatível nesse segmento e concorre com a RAM 1500 Rebel.

Samurais e cowboys

No entanto, no segmento de picapes médias, novos modelos off-road começaram a brotar por lá. Toyota e Chevrolet comercializam versões cascudas de suas médias. Japonesa conta em sua linha com a TRD Pro, versão fora de estrada da Tacoma, que é a versão norte-americana da Hilux.

O modelo tem suspensão especial, maior altura livre, para-choques exclusivos e até mesmo um coletor de ar suspenso (snorkel) para reduzir a entrada de poeira nas câmaras, assim como permitir trafegar em terrenos alagados. Sob o capô o conhecido V6 3.5 de 280 cv e transmissão automática de seis marchas.

Já a Chevrolet oferece a Colorado ZR2, que também entrega pneus adequados para uso fora de estrada, suspensão elevada, para-choques desenhados para oferecer melhores ângulos de ataque e saída, proteção de cárter e opções de motor V6 3.6 de 308 cv, com caixa de oito marchas, ou turbodiesel 2.8 de 181 cv, com transmissão de seis velocidades.

O velociraptor

Quem acompanha esse espaço sabe que recentemente a Ford, que anunciou o retorno da Ranger por lá, apresentou a versão Raptor de sua média. A Ranger Raptor chega com reforços estruturais no chassi, para-lamas alargados, para-choques reforçados e com desenho que privilegia os ângulos de ataque e saída, assim como sistema de suspensão com gerenciamento eletrônico de carga e ajuste para diferentes tipos de terreno. Sob o capô, a versão recorrerá ao moderno motor EcoBlue 2.0 turbodiesel de 218 cv e generosos 50 mkgf de torque.

A unidade será conectada a uma transmissão automática de 10 marchas e a tração, como já é de se esperar é integral. Ela ainda conta com proteção de cárter, diferenciais, tanque de combustível de demais componentes móveis que podem ser atingidos por pedras, galhos e demais obstáculos.

O búfalo

De olho na chegada da Raptor, a GM convocou a American Expedition Vehicles (AEV) para dar um upgrade na ZR2. O resultado é Colorado ZR2 Bison, que chega no início de 2019, e que ampliou as capacidades aventureiras da picape, com novo ajuste de suspensão, com controle eletrônico de carga dos amortecedores, que também oferecem ajustes para o tipo de piso e novos braços reforçados.

A picape também ganho reforços para suportar pancadas que poderá receber nos caminhos tortuosos que ela poderá enfrentar. Foram instaladas cinco placas sob o assoalho para proteger, cárter, transmissão, diferenciais e tanque de combustível, assim como novos para-choques com barras tubulares e desenho que amplia o ângulo de ataque. O que não mudou foram os motores, mas a AEV também incluiu um snorkel para caso o motorista resolva lavar o boizão num riacho.

 


 

Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.

Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).

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  • Gosto muito das análises sábias e honestas do Emílio, e das apresentações dos vídeos, mas desta vez o artigo do Marcelo em um erro grave. O Jeep da II Guerra Mundial não foi projetado pela Willys. O governo americano fez uma licitação para a produção de um protótipo para um carro leve, sob estritas especificações. Foram classificadas três companhias: a Bantam, que era uma pequena produtora de carros de todo-terreno, usados geralmente em inspeção de linhas elétricas, a gigante Ford e a grande Willys. O protótipo da Bantam ganhou e, logicamente, ela deveria receber o contrato de produção. Os honestos militares encomendaram dez veículos para teste, seguindo o projeto da Bantam (em nenhum caso da Willys). Todos apresentaram os protótipos, novamente os da Bantam se deram melhor nos testes. E o governo que não é corrupto (segundo idiotas brasileiros) encomendou veículos com esse projeto à Willys e à Ford, alegando que a Bantam não teria condições de produzir... Como se fosse impossível conseguir empréstimos.. Ou de dividir de forma mais equânime os contratos. Se não fosse o contrato do governo inglês, a Bantam quebraria, pelos gastos para os protótipos. Os conhecedores de jipes sabem que o modelo usado pelos ingleses era melhor. Um pequeno dever de casa permite ver essa história em detalhes, em textos e filmes na Internet e em livros.

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