No dia 24 de junho o piloto francês Romain Dumas entrou para história ao cravar 7m57s na corrida de subida da montanha de Pikes Peak, no Colorado. Pilotando o protótipo Volkswagen I.D. R Pikes Peak, Dumas quebrou o recorde que pertencia ao conterrâneo Sebastien Loeb, desde 2013, quando concluiu o percurso de 20 quilômetros montanha acima em 8m13s. O que fez Dumas voar no Colorado, além de seu incrível talento como piloto, foi a tecnologia.
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O I.D. R é um bólido elétrico, com dois motores que geram 680 cv e que empurram uma carroceria em fibra de carbono, totalmente projetada para manter o carro grudado na pista e não deixar que seja levado pelos fortes ventos de Pikes Peak. Ao contrário do Peugeot 208 T16 de Loeb, que era um carro extraordinário, a máquina da Volkswagen não depende de oxigênio para servir de comburente para a gasolina.
Em Pikes Peak, onde a linha de chegada está a 4.300 metros de altitude, falta oxigênio para homem e máquina, já que o ar se torna rarefeito. O elétrico se mostrou assustadoramente eficiente e foi capaz de completar a missão ainda com carga nas baterias. Muito em função do sistema de recuperação de energia cinética, que transforma a energia das frenagens em eletricidade. O popular KERS da Fórmula 1.
Poucos dias depois outra supermáquina desafiou o limite da física e da razão. O Porsche 919 Hybrid Evo, versão sem limitações de regulamento, foi levado para o Anel Norte de Nurburgring, o Nordschleife, para tentar bater o recorde de Stephan Bellof, que perdurava desde 1983. Bellof fez o tempo de 6m11s na classificação para a prova dos 1.000 km de Nurburgring, a bordo do Porsche 956. O jovem piloto morreu pouco depois, com apenas 27 anos, em um acidente em Spa Francorchamps, na famosa Eau Rouge. Desde então a volta de Bellof tem sido uma obsessão a ser vencida. Coube a outro alemão, Timo Bernhard, derrubar a escrita de 35 anos.
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O 919 Evo de Bernhard passou por uma extensa modificação para o desafio. Ao contrário do carro que venceu as 24 Horas de Le Mans por três vezes consecutivas, o Evo recebeu nova asa traseira, perdeu os faróis e teve parte da carenagem ajustada para melhor comportamento aerodinâmico. O resultado foi uma volta estúpida completada em 5m19s.
Para uma pista estreita com 90 curvas e diversos tipos de asfalto espalhados pelos seus 20 quilômetros de extensão, é um resultado assombroso. Timo, que conhece Nordschleife com a mesma intimidade de quem atravessou as Bodas de Ouro com sua esposa, fez uma volta perfeita. Além dos ajustes aerodinâmicos que transformaram Nordschleife num grande autorama, a supermáquina esbanjava fôlego graças à combinação um pequeno V4 2.0 com uma unidade elétrica, que aproveita os gases do escapamento que movem uma ventoinha que serve de turbina para gerar eletricidade.
Tudo isso mostra que não apenas o esporte a motor, mas o futuro do automóvel não perderá seu charme com a eletrificação. Será um novo momento, mesmo que sem roncos metálicos e a fumaça dos escapamentos, mas a verdade é que esses elétricos e híbridos já foram mais longe do que qualquer outro motor a combustível.
E vida que segue!
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Marcelo Iglesias Ramos é Jornalista e Designer Gráfico.
Está na área desde 2003, atualmente é o editor do caderno HD Auto, do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte. Figura presente em todos os lançamentos, salões do automóvel e eventos da indústria automobilística. Para relaxar, tem como hobby escrever para seu blog de games, o “GameCoin” (www.gamecoin.com.br).
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