Lá se vão alguns anos (não perguntei a idade dela hoje, por cavalheirismo – ainda sou daquele tempo) mas, foi quando ela criança, que havia apagado umas 4 ou 5 cinco velinhas, quando a moça se apaixonou pela mecânica.
Apesar do seu pai ser mecânico e o avô ferramenteiro, os dois nunca a incentivaram para que fosse como eles. Então cresceu acompanhando aquele movimento na oficina na garagem da sua casa. E a graxa foi tomando conta dos seus pensamentos. Sonhava em fazer Mecânica, mas acabou seguindo os conselhos do pai e fez Ciência da Computação. Trabalhou 15 anos na área de tecnologia, mas sempre com pensamento na “graxa”.
Até que um dia uma amiga falou para sobre um curso grátis de Mecânica. E lá foi ela aprender o ofício que mais queria. A exigência única era um estágio de 6 meses em oficina.
Foi quando, depois do primeiro contato com a “graxa”, decidiu-se pela profissão de mecânica. Fez dois anos no SENAI do Ipiranga entre 2011 e 2013.
Thais Roland, a moça a quem me refiro, nunca montou sua própria oficina. Foi enriquecendo seu currículo, fazendo um curso de restauração no Clube de Carros Antigos e foi trabalhar em uma oficina do ramo.
Naquela ocasião criou uma empresa para ensinar às mulheres a cuidar dos seus carros e, quando em uma oficina, não ser respeitada com aquelas justificativas de o problema era na “rebimboca da parafuseta”.
Criou um workshop que dura 4 horas, com duas variações, uma delas exclusiva para mulheres e outra mista. Neste sábado próximo ((25/05) fará outro em Sorocaba, Como os demais, na sede do SESC local.
“As mulheres são mais atentas e não fazem piadas ou tentam “pegadinhas” como ocorre com alguns homens que, com o passar do tempo, param com suas brincadeiras”.
O trabalho consiste em transmitir conhecimentos básicos de um carro, como sistema de combustão, freio, suspensão, arrefecimento, pneus e tudo mais o que envolve um veículo.
Ela leva ensinamentos também pelo Youtube, Instagram e um blog.
O amor, um Maverick 75
Quando fazia estágio em uma oficina no ABC, passou de ônibus defronte de uma oficina, avistou sua paixão: um Maverick branco com teto de vinil. Desceu no próximo ponto e foi lá ver quanto queriam no carro, muito maltratado.
“Estava muito ruim, mas me lembrava dos carrinhos que ganhei uma ‘cegonha’ de presente do meu pai e nele, entre outros carros, tinha um Maverick igualzinho.”
Thais conta que o carro estava muito ruim: funilaria horrorosa, motor errado, já que o modelo era um V8 e o propulsor era um 4 cilindros em péssimo estado. Conseguiu comprá-lo e o levou para sua casa, ocupando toda a garagem com o desmonte que fez do modelo. Ela já tem o motor V8 para fazer a troca, mas ainda não foi possível continuar com o restauro.
Foi pensando nessa ação que comprou uma Vemaguet 67, para restaurar, vender e tornar sua paixão em condições de rodar. Mas o coração agiu novamente e agora a família – ela casou-se com um mecânico, com quem tem dois filhos e que é professor de graduação e pós-graduação no SENAI do Ipiranga, onde se conheceram.
Naquela época, ela era casada e ele também. Mas, em 2017, se reencontraram em uma palestra que ela foi fazer do SENAI. E estão juntos até hoje.
Filhos de peixes, peixinhos são!
A exemplo da mãe, desde pequeninos gostam de mexer nas ferramentas dos pais. É só ter uma chance que lá estão eles com uma ferramenta nas mãos ou querendo ajudar na troca de um pneu.
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